quarta-feira, 6 de março de 2013

Dívidas da EDP aumentam 36,5% e pesam no balanço

A EDP Energias do Brasil, que atua tanto na área de geração como de distribuição, anunciou que a sua dívida líquida atingiu 2,8 vezes a geração de caixa (medida pelo Ebitda - lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) em dezembro de 2012. Essa relação era de 1,5 vez em setembro de 2011 e vem aumentando seguidamente a cada trimestre. Na semana passada, a AES Eletropaulo, que distribui energia na Grande São Paulo, informou que a sua dívida líquida correspondeu a 4,9 vezes o Ebitda no fim de 2012, ultrapassando o limite de 3,5 vezes estabelecido nas cláusulas contratuais com os credores ("covenants"). 

Ao ser questionado por analistas de investimento, o vice-presidente de finanças da EDP no Brasil, Miguel Amaro, respondeu ontem que existe a possibilidade de que a empresa opere neste ano com uma alavancagem acima da que foi registrada no fim de 2012. O aumento do endividamento das elétricas preocupa. As chances de que a Eletropaulo quebre seus covenants mais um vez no primeiro trimestre são altas, o que deixaria a empresa em uma situação vulnerável com os credores. 

No caso da EDP Brasil, sua dívida líquida registrou um aumento de 36,5% ao longo de 2012, totalizando R$ 3,7 bilhões em dezembro. A dívida bruta cresceu 18,5%, para R$ 4,3 bilhões, enquanto o total disponível em caixa recuou 36%, para R$ 572,4 milhões no fim do ano. O grupo português controla no Brasil as distribuidoras EDP Bandeirante (SP) e Escelsa (ES), opera hidrelétricas, como a de Santo Antônio do Jari, e é sócia da MPX na termelétrica de Pecém. 

O atraso na entrada em operação da usina térmica custou R$ 1,5 bilhão à EDP no quarto trimestre de 2012, elevando em 81% suas despesas não gerenciáveis. Esse gasto não recorrente foi um dos fatores que comprometeram o caixa da companhia. Neste ano, são as distribuidoras que estão em uma situação complicada. A energia das hidrelétricas cujas concessões foram renovadas não foi suficiente para cobrir todos os contratos das distribuidoras, que ficaram descontratadas. Agora, elas precisariam comprar a energia que falta pelo preço spot. Essas despesas, aliadas aos custos com a geração térmica, provocariam um rombo bilionário no caixa das distribuidoras. O governo busca uma solução para o problema. Segundo Amaro, da EDP, a empresa está à espera de um desfecho. (Valor Econômico)

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