terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Plano decenal de energia até 2022 terá mais térmicas

O Plano Decenal de Energia 2013-2022 (PDE) terá mais usinas térmicas que o atual, afirmou ontem o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. Segundo Tolmasquim, as térmicas deveriam operar mais na base do sistema elétrico nacional, mas o preço alto do gás natural é um obstáculo. “Já estamos fazendo o plano 2022 e já prevemos um pouco mais de térmica entrando. Esta-mos trabalhando nisso, mas devemos ter mais térmica à gás”, disse Tolmasquim sem revelar os montantes. 

“A grande questão é a econômica, ou seja, como que essas térmicas vão entrar sem onerar demais a tarifa, dado o preço do gás. Tem uma hora, que tem que ver a questão da segurança. Mesmo que seja mais caro, tem que botar”, adicionou o presidente da EPE. Com o crescimento da economia e da demanda de energia, o país precisa ampliar anualmente seus parques de geração, transmissão e distribuição. 

Este ano serão mais de 8.500 mega-watts (MW) em geração de energia, de acordo com a EPE. Atualmente, a geração térmica no país está em 14 mil mega-watts, segundo Tolmasquim. O presidente da EPE entende que o ideal seria o país ampliar “um pouco” a geração térmica na base ao longo do ano para aumentar ainda mais a confiabilidade do sistema e compensar a geração hidrelétrica em períodos de reservatórios em níveis baixos. 

“O Brasil pode ter algumas térmicas na base, mas não muitas porque vão entrar Jirau, Santo Antônio e Belo Monte, que são (hidrelétricas) a fio d"água e vão gerar muito num período, mas em outros menos”, declarou ele. “Tem que analisar quanto seria esse pouco mais.... claro que para nós o interessante é ter usinas térmicas com custo variável baixo, aí elas naturalmente vão operar mais. 

Se só colocar hidro à fio d"água, a proporção de térmica tem que aumentar”, completou ele. Tolmasquim ressalta, no entanto, que o grande obstáculo para ampliar a geração térmica a gás no país é o elevado preço do combustível, que hoje é importado na forma de gás natural liquefeito (GNL). A solução para o entrave seria, de acordo com o presidente da EPE, a produção de gás não-convencional, como gás de xisto, gás de folhelho e “tight” (de vários tipos de rocha). 

“O problema para a expansão térmica a gás hoje é que tem que ser com GNL importado... poderíamos pensar em térmicas operando de maneira mais contínua se descobríssemos (gás) não-convencional”, disse Tolmasquim. O governo planeja para o fim desse ano um leilão de gás com foco principal nas reservas de xisto espalhadas pelo país. Nos Estados Unidos, o gás de xisto já é uma realidade com preços baixos e oferta expressiva. (Brasil Econômico)

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