quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Dilma já pilotou racionamento

Então recém-empossada secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul, em janeiro de 1999, a hoje presidente Dilma Rousseff organizou um racionamento de energia no estado para impedir um colapso no sistema de fornecimento local. O racionamento atingiu todo o estado, com exceção de hospitais, bombas de captação de água e sistema de trens urbanos, e afetou escalonadamente residências e empresas por até 30 minutos. 

- Descobrimos que a situação era catastrófica ao tomar posse. Para se ter uma ideia, a receita da companhia energética do estado cobria apenas 54% da operação do sistema - lembra o engenheiro eletricista Vicente Rauber, então presidente da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). 

O racionamento do PT no Rio Grande do Sul foi adotado já na primeira semana de governo. Privatizada parcialmente um ano antes, a CEEE teve de manter os apagões programados no estado por um intervalo de seis a sete semanas no verão. Passada a fase crítica, a então secretária Dilma reuniu os técnicos estaduais e coordenou a elaboração de um diagnóstico da infraestrutura. 

Além disso, ela criou o Comitê de Planejamento Energético do Rio Grande do Sul, uma espécie de gabinete de crise que funciona até hoje. A meta dela era atravessar o verão de 1999/2000, o segundo da gestão petista, sem apagões. O objetivo foi alcançado e livrou o estado do racionamento nacional, realizado a partir de 1º de junho de 2001. 

- O estado ficou de fora porque não tínhamos linhas de transmissão para jogar energia no sistema nacional. Com consumo bem abaixo do atual e uma geração compatível, capaz de ser administrada, a questão se tornou apenas gerencial - minimiza o consultor Ronaldo Lague, coordenador da área de energia da Agenda 2020. 

Lague acentua, porém, o papel de liderança que Dilma teve no encaminhamento da crise energética no Rio Grande do Sul. Foi na gestão de Dilma, por exemplo, que o estado concluiu o primeiro anel de transmissão energética, que garante a segurança do sistema, além da termelétrica de Uruguaiana. 

Segundo Lague, no entanto, faltou uma visão de longo prazo naquele momento. Para ele, Dilma não deixou um plano estratégico para seus sucessores evitarem novas crises. O estado, segundo ele, perdeu terreno no campo da geração e também na transmissão de energia por falta de investimentos. 

Rauber lembra que o Rio Grande do Sul aderiu espontaneamente ao racionamento para auxiliar o sistema interligado e reduzir, simbolicamente, os impactos do apagão: