BRASÍLIA . O governo ainda conta com a adesão das três usinas hidrelétricas da Cemig (São Simão, Jaguara e Miranda) ao plano de renovação das concessões de energia, apesar das negativas da companhia mineira. Ao GLOBO, fontes do Executivo afirmaram que o negócio renderá à empresa cerca de R$ 30 bilhões ao longo dos próximos 20 anos, se prorrogado o prazo da concessão nas condições atuais. Por essa razão, nos bastidores da queda de braço que dura dois meses, o governo já pensa num arranjo regulatório mesmo após encerrado o prazo para a adesão.
Das 14 usinas que ficaram fora do plano, três são da Cemig. São as mais importantes do grupo, por representarem 2,5 mil megawatts (MW) de energia por ano.
No governo, avalia-se que, sem essas geradoras, a queda no custo da energia, prometida pela presidente Dilma Rousseff, cairia de 20% para 19%.
- Torço para que eles pleiteiem (a renovação) - limitou-se a dizer o ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, sem confirmar se poderia reabrir os prazos para adesão.
Ao GLOBO, o diretor de Relações Institucionais e Comunicação da Cemig, Luiz Henrique Michalick, afirmou que a empresa não foi procurada para negociar e que, até agora, não houve aceno do governo:
- Não aderimos em função da queda da rentabilidade. Seria abrir mão da rentabilidade, que cairia para 10% da atual, e ainda teríamos que comprar energia no mercado para honrar nossos compromissos. Como a gente já vendeu, e legitimamente, porque os contratos de Jaguara e São Simão só terminam em 2015, teríamos que comprar. No final, perderíamos nas duas pontas.
O governo voltou ontem a defender o modelo para a prorrogação das concessões, criticado por empresas e especialistas. Segundo Zimmermann, os ativos dessas empresas já foram amortizados e não há sentido em remunerá-los novamente. Ele destacou que todos os contratos estão sendo cumpridos à risca:
- Até porque o Brasil não pode brincar com isso, precisa (de investimentos) por ser um país em desenvolvimento.
O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse que os sacrifícios que tinham de ser feitos estão saindo do governo - que entrará com R$ 3,5 bilhões de recursos primários anualmente para compensar as empresas:
- O que o governo não pode concordar é que não queiram reduzir o custo da energia, quando já há depreciação desses ativos. E que alguém queira ter um lucro extraordinário às custas de manter as tarifas de energia acima do correto.
Ontem, a Light anunciou lucro líquido de R$ 84,1 milhões no terceiro trimestre e aumento no consumo total de energia de 3,5% no período. (O Globo 10/11)
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