As perdas totais no sistema elétrico nacional chegam a 17,5%, sendo que desse total 4,2% se situam no setor de transmissão de energia e 13,3% na área de distribuição. Com mais de 110 mil quilômetros de linhas de transmissão, o país tem um nível de perdas considerado baixo pelos especialistas na transmissão. Dos 13,3% de perdas na distribuição, 40% se originam de questões técnicas e os 60% restantes de perdas comerciais - como furtos de energia ou má medição do consumo de clientes residenciais, comerciais e industriais.
As perdas técnicas na distribuição envolvem uma questão inerente ao sistema elétrico nacional, em que há necessidade de se levar luz para cidades distantes umas das outras. "Na questão das perdas comerciais, o smart grid poderia trazer grandes contribuições", afirma o presidente da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), Mauricio Tolmasquim. Os medidores eletrônicos e a maior automação dos sistemas podem inibir os furtos de energia.
Durante a discussão sobre a metodologia do terceiro ciclo da revisão tarifária das distribuidoras, conduzido pela Agência Nacional de Energia Elétrica desde o fim do ano passado, chegou-se a apontar que o nível de perdas comerciais no setor equivaleria a R$ 7 bilhões. "Uma parte das perdas no Brasil são técnicas por conta do nosso sistema e da nossa extensão, outra vem do fato de ainda sermos um país subdesenvolvido com baixa renda", diz o coordenador do Grupo de Estudo do Setor de Energia Elétrica da UFRJ, Nivalde Castro.
O furto de energia não está apenas concentrado nas comunidades de baixa renda ou nos clientes residenciais. Em Manaus, uma inspeção da polícia chamada "Operação Reciclagem" identificou uma fábrica de reciclagem de plástico e um conjunto de residências que furtavam energia da rede de distribuição elétrica. Na ação foi encontrada uma subestação totalmente clandestina com um transformador de 75 KVA, conectado à rede da concessionária.
As concessionárias têm buscado investir na redução de perdas e em fazer com que a conta de luz caiba no bolso dos novos consumidores. Desde 2004, o programa Luz para Todos fez com que mais de dois milhões de famílias tivessem energia elétrica, beneficiando mais de 12 milhões de pessoas, contingente maior do que a população de Portugal. Cerca de 70% das ligações do programa foram realizadas nas regiões Norte e no Nordeste. A Coelce, que atua no Ceará, criou em 2007 o programa Ecoelce, que propõe a troca de material reciclável por descontos na conta de energia. Além de contribuir para a preservação ambiental, incentivando a doação de lixo reciclável, a iniciativa ajuda a adimplência de parte dos consumidores de baixa renda. (Valor Econômico)
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