A Eletrobrás tem em carteira projetos de geração de energia eólica que totalizam uma capacidade de geração de 5 mil megawatts (MW). Para sair do papel, o conjunto de projetos precisará de investimentos entre R$ 17,5 bilhões a R$ 20 bilhões.
Esse portfólio - que corresponde a uma capacidade de geração superior à de usinas hidrelétricas como Jirau e Santo Antônio -, como é composto de empreendimentos em construção e de projetos que ainda serão implementados e em estudos, disse ontem o presidente da companhia, José da Costa Carvalho Neto.
O valor total foi calculado com base em estimativas de custos feitas pelo executivo. Segundo ele, o valor necessário para a implantação de projetos de geração eólica varia entre R$ 3,5 mil e R$ 4 mil por quilowatt (kW). Como parte desses projetos ainda está em análise ou precisam de estudos de impacto ambiental, alguns podem não ser concretizados.
Apesar dos pesados investimentos previstos para geração de energia com utilização da força dos ventos, Carvalho Neto ressaltou que a prioridade da Eletrobrás continua sendo a geração hidrelétrica. "Na nossa matriz, o carro chefe é a hidrelétrica. A eólica é um complemento importante", declarou o presidente da Eletrobrás, depois de participar da Confederação Nacional da Indústria (CNI), paralelo à Rio+20.
Os planos da Eletrobrás de investir nesse segmento não se restringem ao Brasil. Em abril, a companhia assinou com a UTE/Uruguai um acordo para a construção de um conjunto de usinas eólicas no país vizinho. Os estudos para a obra devem ser concluídos no começo de julho, informou recentemente Carvalho Neto.
A participação das centrais eólicas na matriz energética brasileira ainda é pequena. Porém, há uma expectativa de forte crescimento dessa fonte nos próximos anos. Hoje, são 75 empreendimentos em operação, que representam 1,29% do parque gerador do País, o equivalente a 1,6 gigawatt (GW), de acordo com dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As projeções da instituição apontam que, caso todos os projetos vencedores dos leilões de energia já realizados se concretizem, o Brasil alcançaria uma capacidade instalada de 8 GW até 2016, o que o tornaria o sexto maior polo de produção de energia eólica no mundo. "Hoje, o Brasil está numa posição pouco representativa nesse panorama dos principais países de eólica, mas, daqui a seis anos, seríamos um dos seis maiores players do setor de geração eólica", avalia o chefe do departamento de energias alternativas do BNDES, Antonio Tovar.
Custo menor. A energia eólica tem avançado no País impulsionada por uma combinação de fatores. O custo de instalação por megawatt caiu abruptamente. Dos primeiros projetos apresentados no País até hoje, o custo médio de instalação caiu de R$ 6 mil para R$ 3,3 mil o quilowatt. Além disso, os avanços tecnológicos permitiram o aumento da eficiência. O fator de capacidade dos empreendimentos, que, inicialmente era de pouco mais de 32%, já atingiu os 50%.
Os problemas da economia europeia, que empurraram para o Brasil diversos fabricantes de componentes, também contribuíram para que o setor se desenvolvesse aqui. "Todo mundo começou a vislumbrar que o Brasil seria um dos grandes players de energia eólica no mundo", afirma Tovar. Este ano, o volume de financiamentos aprovados pelo BNDES para projetos eólicos deve superar em 25% a 30% os R$ 3,4 bilhões registrados em 2011, prevê o banco de fomento. (O Estado de S.Paulo)
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