Um estudo que aborda os aspectos necessários para que a migração tecnológica às redes de energia inteligentes torne-se uma realidade no País revela que, no caso da geração distribuída, seria necessário um conjunto de políticas públicas e incentivos governamentais que custariam até R$21 bilhões. Tais aportes públicos poderiam fazer com que 8% da matriz brasileira estivesse baseada em microgeração solar, eólica ou a biomassa até 2030.
“Seriam recursos necessários para estimular a instalação da geração distribuída considerando um cenário acelerado”, comenta o presidente da Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Fonseca Leite. Os números são resultado de um estudo realizado pela consultoria DNV Kema. O documento foi encomendado com recursos de programas de pesquisa & desenvolvimento (P&D) de distribuidoras e geradoras, com participação da Abradee e associações de geração (Abrage) e telecomunicações (Aptel).
O relatório estima que, em um cenário conservador, com incentivos tímidos, a geração distribuída se consolidaria em 3% da matriz brasileira até 2030. Com um aporte na casa dos R$5 bilhões, essa participação subiria para 5%, no cenário considerado "moderado", “com algum nível de incentivo”.
Segundo Leite, o objetivo do estudo é “a elaboração de uma proposta para a migração do setor elétrico do estágio atual para a adoção plena do conceito de redes inteligentes no Brasil".
Necessidade - O executivo da Abradee, no entanto, ressalta que a motivação brasileira para implantação da geração distribuída é diferente da de outros países, que precisam se desvincular de fontes de energia como a nuclear.
“Já temos 85% da matriz renovável”, pontua, ao dizer que a questões como as de ordem de eficiência energética, operacional e motivação financeira, além da tarifa alta, estimulariam a nova visão. “Os impostos são caríssimos, então o cidadão que instalou sua própria placa de solar deixa de pagar estes encargos”, exemplifica.
Para Leite, também é preciso estar atento ao fato de que estas fontes são interruptivas, ou seja, não possuem armazenamento. A questão preocupa principalmente as distribuidoras.
“Se o microgerador gerou 100 kW durante o dia e consumiu 100 kW à noite, ele acabou usando o sistema elétrico como se fosse uma bateria para armazenamento. E, no fim, alguém vai ter que pagar essa conta”, argumenta.
O dirigente explica que a rede de distribuição vai continuar do mesmo tamanho e que, no fim, os demais consumidores acabarão pagando a conta dos incentivos dados aos que adotarem a microgeração. Tal cenário faz com que Leite aposte que o cenário "conservador" é o que vai se concretizar.
O estudo foi apresentado à Aneel em fevereiro deste ano e está passando pelos conselhos do Plano Brasil Maior, já que sua vertentes consideram diversos setores: automação, tecnologia da informação, medição, geração distribuída, políticas publicas e perspectivas do consumidor. (Jornal da Energia)
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