sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Fusões e aquisições no setor elétrico crescem 20% em 2011


O ano de 2011 foi bastante movimentado em relação a negócios de fusções e aquisições, que apareceram com força também no setor elétrico. De acordo com pesquisa elaborada pela KPMG no Brasil e divulgada nesta semana, as companhias de energia elétrica estão entre as que mais fizeram transações do tipo, com 42 no total - sete a mais que em 2010, o que significa um crescimento de 20%. Com isso, o segmento ficou na 5º posição do levantamento, perdendo apenas para as áreas de tecnologia da informação, telecomunicações e mídia, imobiliário e de alimentos, bebidas e fumo.

Para o consultor econômico da UM Investimentos, Thomas Chang, as elétricas brasileiras estão passando por um momento importante. “A maioria das companhias desse setor está buscando eficiência na prestação e qualidade de serviços. A consequência é um maior valor de mercado,” avalia o analista.

Chang credita também o interesse dos investidores à seriedade com que o governo vem tratando o setor elétrico, principalmente, pela atuação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “O governo busca a modicidade tarifária, com o objetivo de tornar os preços da energia elétrica mais barata para os consumidores. Mas o que ainda impede a entrada de players estrangeiros no mercado elétrico brasileiro é um tributo alto, que encarece o preço na ponta”.

Mesmo assim, esse comportamento, segundo Chang, vai se consolidar nos próximos anos. “Empresas como Cemig e CPFL são exemplos de eficiência e estão consolidadas. Agora as que ainda buscam eficiência seguem na mira de investidores”, conclui.

Para o professor do Grupo de Estudos o Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel-RJ), Nivalde de Castro, as fusões são reflexos, acima de tudo, de um cenário macroeconômico importante do Brasil. “O País está se posicionando de um maneira diferente do mundo. Hoje, temos uma política econômica bem definida e com grandes possibilidades para investimentos”, considera.

Castro também elogia a regulação, vista por ele como importante incentivo aos empreendedores. A atuação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão de planejamento do governo para o setor, e a atuação da Aneel são elogiadas pelo acadêmico. "Com o terceiro ciclo (de revisão tarifária das distribuidoras), que preza pela modicidade tarifária, haverá uma redução de custos no preço da energia e a consequência será um maior volume de negócios”, completa.

No total, segundo a KPMG, em 2011 foram realizadas 817 operações de fusões e aquisições que envolveram direta ou indiretamente empresas brasileiras. Com issom o recorde anual anterior para esse tipo de operação - as 726 de 2010 - foi batido em 91 transações.

Segundo a KPMG, do total de negócios registrados, 410 foram domésticao - isto é, envolveram empresas controladas por capital brasileiro. O crescimento é de quase 23% sobre a quantidade de transações (333) apurada no ano de 2010.

“Os negócios entre empresas brasileiras também estabeleceram um recorde em 2011, superando a marca anterior de 379 negócios observada em 2008. As operações entre empresas brasileiras corresponderam a 50% do total dos negócios do ano”, diz Luis Motta, sócio da KPMG e responsável pelo setor de fusões e aquisições, em nota enviada à imprensa.

Já as transações nas quais estrangeiros adquirem empresas de capital brasileiro estabelecidas no Brasil (CB1) apresentaram uma evolução de cerca de 19%, com 208 negócios este ano, frente aos 175 de 2010. “O Brasil efetivamente esteve na agenda dos investidores estrangeiros em 2011 que, apesar das turbulências verificadas nos Estados Unidos e na Europa, identificaram muitas oportunidades para expandir suas operações por aqui e, com isso, estabeleceram um novo recorde para este tipo de transação, superando com sobras o recorde anterior verificado em 2010”, acrescenta o executivo.

Em contrapartida, as transações de internacionalização de empresas brasileiras (CB2) tiveram recuo de cerca de 14%, passando de 65 transações em 2010 para 56 em 2011. Também foi observada uma queda de cerca de 17% nas transações CB3 (onde empresa de capital brasileiro adquire de estrangeiros empresa de capital estrangeiro estabelecida no País), com 29 negócios contra 35 de 2010. (Jornal da Energia)

Leia também:
* FRS e o desafio para o setor de energia
* Pinga-Fogo Setor Elétrico: MME, CCEE e LIGHT
* Eletrobras vai avaliar conselheiros e diretores