sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Eletrobras vai avaliar conselheiros e diretores

A Eletrobras vai implementar a partir deste trimestre um sistema de avaliação de toda a sua diretoria e também dos membros do conselho de administração. Será a primeira estatal federal a avaliar seus conselheiros por meio de um sistema de notas, hoje raro até mesmo em grandes empresas privadas. A medida vai ser adotada em toda a companhia, incluindo diretorias e conselhos das subsidiárias Furnas, Chesf, Eletrosul, Eletronorte e distribuidoras federalizadas.

O presidente da Eletrobras, José da Costa Neto, diz que esse é um primeiro passo para tentar mudar de forma significativa a governança da empresa, hoje considerada falha por investidores e analistas que acompanham as ações. Inicialmente, o sistema de notas será feito com base apenas em autoavaliação de cada executivo e análise do conjunto da diretoria e do conselho. Segundo Costa Neto, a avaliação conjunta da diretoria será feita pelo conselho. No caso do conselho, não haverá uma avaliação externa, mas apenas uma análise do próprio grupo.

Não haverá notas individualizadas, como sugere o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), ou mesmo um sistema de bônus e punição a partir do resultado das avaliações.

A ideia, entretanto, segundo Costa, é ir aos poucos tornando o sistema de avaliação mais robusto e torná-lo determinante em questões de bônus ou até de demissões. "Mas temos de ir aos poucos", disse Costa. "Tenho certeza que nessa primeira fase já vamos conseguir avaliar onde estamos falhando."

Os critérios das análises levam em consideração a postura dos executivos, conhecimento da área, atuação com os diversos públicos da companhia, grau de preparo, conhecimento da estratégia do grupo, entre outros. Se der certo e o sistema evoluir, será uma revolução na governança da Eletrobras, hoje marcada pelo grande loteamento de cargos entre partidos políticos. São três dezenas de diretorias fortemente disputadas a cada eleição presidencial.

De acordo com o presidente do IBGC, Gilberto Mifano, o sistema de avaliação dos membros do conselho de administração das companhias deveria ser feito por um consultor externo e isento para agregar valor à avaliação. A recomendação do IBGC também é que cada conselheiro seja analisado por seus pares, faça uma autovaliação e todos avaliem a atuação do grupo. A Eletrobras, por enquanto, não fará um sistema de notas individualizadas entre os pares. Nem mesmo para a avaliação da diretoria. "Avaliar o desempenho dos diretores é um instrumento de gestão que toda empresa tem que ter", diz Mifano. "Avaliar o conselho é um instrumento de governança."

Desde que a presidente Dilma Rousseff escolheu José da Costa Neto para a presidência da Eletrobras, um técnico do setor sem ligações com nenhum partido político específico, a expectativa era que de fato houvesse uma mudança na condução dos negócios da estatal - até então fortemente marcada por ingerências políticas, na avaliação do mercado. Alguns analistas entendem que certas mudanças já aconteceram e citam a alteração de toda a diretoria de Furnas, que era loteada para os aliados de Eduardo Cunha, do PMDB. (Valor Econômico)


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