O ano de 2012 promete ser de mais diversificação da matriz elétrica brasileira. De acordo com levantamento da Aneel, dos 11.109,6 MW previstos para entrar em operação até dezembro, 3.856,6 MW (34,7%) são de térmicas convencionais; 2.945,9 MW (26,5%), de hidrelétricas; e 2.351,5 MW (21,1%), de eólicas. Ainda há projetos a biomassa e PCHs. Já no segmento de transmissão, o destaque será a energização do primeiro dos dois circuitos do linhão Porto Velho-Araraquara, de 2.375 km, que vai escoar a energia das usinas do rio Madeira.
No que tange a geração, é evidente que parte do montante previsto enfrenta problemas técnicos, ambientais e judiciais, o que poderá afetar essa previsão. Segundo dados da agência, 3.634,7 MW (32,7%) são de projetos com alguma restrição para operar. Sem eles, a energia hidrelétrica salta para a primeira posição, mantendo os 2.945,9 MW previstos. Já as térmicas convencionais e as eólicas têm, respectivamente, 2.985 MW e 482,4 MW sem restrições para partir em 2012.
O ano pode se destacar ainda por outro motivo. Caso os 7.474,9 MW dos projetos sem restrições no cronograma partam, 2012 vai registrar a maior capacidade adicionada ao sistema nos últimos 15 anos, superando inclusive 2010, quando foram acrescidos 6.149,3 MW ao parque gerador brasileiro.
A expectativa é que no fim do ano o sistema elétrico brasileiro atinja uma capacidade instalada de 123 GW. Até novembro passado, o total contabilizado era da ordem de 116 GW.
UHEs e UTEs - Quatro hidrelétricas deverão entrar em operação. Em março estão previstas as partidas de Mauá, de 362 MW, no rio Tibagi (PR), e Simplício, de 333,7 MW, no rio Paraíba do Sul (RJ/MG). Em outubro será a vez de São Domingos, de 48 MW, no rio Verde (MS), e Jirau, no rio Madeira (RO), que vai partir com 600 MW de seus 3.750 MW.
A UHE Santo Antônio, também no Madeira, que entrou em operação no apagar das luzes de 2011, vai motorizar ao longo do ano. Estima-se que 1.058 MW dos 3.150 MW da usina estejam em operação até o fim de 2012.
Outra grande usina que está motorizando é Estreito, de 1.087 MW, no rio Tocantins (MA/TO). Até dezembro, o Consórcio Estreito Energia (Ceste) terá colocado em operação 952 MW, restando apenas uma máquina de 135,8 MW para o ano seguinte.
Com relação às termelétricas, o destaque ficará com as termelétricas a carvão da MPX. Estão previstas para iniciar a operação as usinas de Itaqui (MA), de 360 MW, e do porto do Pecém (CE), de 720 MW. A primeira etapa da usina cearense (360 MW) é desenvolvida em parceria com a EDP – 50% de participação para cada uma.
Quanto às licitações de geração, o governo marcou para 22 de março o leilão A-3. Até o fechamento desta edição 598 projetos estavam cadastrados, num total de 25.850 MW instalados. Entre os empreendimentos estão 524 usinas eólicas (13.180 MW), 26 térmicas a gás natural (10.344 MW), 23 térmicas a biomassa (1.042 MW), 22 PCHs (343 MW) e três hidrelétricas (941 MW).
Comenta-se que o governo pretende fazer um leilão A-5 exclusivo para a fonte hidrelétrica em meados do ano. A ideia seria incluir os empreendimentos que estavam previstos para serem licitados em 2011, mas que não conseguiram licença prévia a tempo. Entre eles estão São Manoel (700 MW) e Sinop (400 MW), no rio Teles Pires.
Transmissão - Na transmissão, o ponto alto do ano será a energização do primeiro circuito do linhão Porto Velho-Araraquara. A LT, em 600 kV e corrente contínua, entrará em operação no segundo semestre, de acordo com estimativas da Cteep, líder do consórcio responsável pelo empreendimento, que ainda tem Furnas e Chesf.
Também está prevista a conclusão das obras de dois trechos do linhão Tucuruí-Macapá-Manaus: as LTs Oriximiná-Cariri (PA/AM), de 586 km, e Tucuruí-Xingu-Jurupari (PA), de 527 km, ambas em 500 kV.
A Aneel prevê licitar em 2012 cerca de 30 empreendimentos de transmissão, num total de 8.154 km. O maior projeto, de 1.961 km, consiste num grupo de linhas, em 500 kV, entre os estados de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.
Ainda existe a possibilidade de ir a leilão os sistemas de transmissão que reforçarão a rede básica após a entrada da UHE Belo Monte (PA), de 11.233 MW. O governo trabalha com a hipótese de leiloar as linhas no fim do ano ou início de 2013. Estarão em jogo dois circuitos, de mais de 2 mil km, em 800 kV e corrente contínua, ligando as regiões Norte e Sudeste. Além disso, estão previstos outros três circuitos, em 500 kV, sem distância definida ainda, reforçando a conexão entre Norte e Nordeste. (Revista Brasil Energia)
Leia também: