O grupo Energisa anunciou ontem uma parceria com a Tonon Bioenergia, empresa do setor sucroalcooleiro, para a geração de eletricidade a partir da queima de biomassa de cana-de-açúcar. A companhia adquiriu, por R$ 140 milhões, 85% do capital social das duas termelétricas pertencentes à Tonon, localizadas nas usinas de Bocaina (SP) e Maracaju (MS).
O acordo prevê a ampliação da capacidade instalada, dos atuais 60 MW para 170 MW, por meio da ampliação das termelétricas já existentes (de 60 MW para 90 MW) e da construção de outras duas (com capacidade total de 80 MW) até 2014.
Os novos ativos serão totalmente construídos e explorados pela Energisa, que prevê investir R$ 350 milhões no projeto. Ao todo, o desembolso na operação deverá atingir R$ 490 milhões.
Dos R$ 350 milhões destinados à expansão da capacidade, cerca de US$ 263 milhões (75%) deverão ser financiados pelo BNDES. Já os R$ 140 milhões da aquisição poderão vir do próprio caixa da empresa, que dispõe de aproximadamente R$ 750 milhões.
A negociação não envolve troca de ações. "Energisa e Tonon serão sócias apenas nas termelétricas existentes, que serão segregadas da operação atual", afirma Humberto Casagrande, presidente do Fundo DGF Terra Viva, que detém 18% das ações da Tonon - a outra parte da empresa sucroalcooleira pertence à família Tonon. Entre os investidores do fundo estão Previ, Petros, Banesprev (Santander), Funcef e o próprio BNDES.
Esse é o primeiro investimento da Energisa em biomassa e, segundo seu diretor-presidente, Ricardo Botelho, mais um passo na estratégia da companhia de ampliar sua carteira de geração de energia a partir de fontes renováveis. Atualmente, 90% da receita de R$ 3,4 bilhões vêm de suas cinco distribuidoras de energia. "A ideia é chegar até 2017 com 25% do faturamento na área de geração", revela Botelho.
A Energisa pretende chegar a 2017 com uma capacidade instalada de 500 MW, divididos entre parques eólicos, pequenas hidrelétricas e termelétricas à base de bagaço de cana. Atualmente, a companhia opera com apenas 40 MW. "Nossos projetos já viabilizados, incluindo a parceria com a Tonon, somam 360 MW", assegura Botelho. Os investimentos previstos somam R$ 900 milhões.
A parceria anunciada ontem prevê que a Energisa terá o compromisso de fornecer a energia necessária para o funcionamento das duas usinas de cana-de-açúcar. Em troca, a Tonon se compromete a garantir o bagaço de cana para a assegurar a expansão projetada pela companhia elétrica.
"Teremos um ganho de sinergia operacional muito grande. Vamos nos concentrar na produção de açúcar e álcool, que é o nosso "core business", e deixar a parte de geração e comercialização de energia elétrica com quem entende do assunto", diz Francisco Tonon, presidente do conselho de administração do grupo sucroalcooleiro.
A Tonon tem uma capacidade de moagem próxima de 5,5 milhões de toneladas (3,5 milhões em Bocaina e 2 milhões em Maracaju). O acordo com a Energisa prevê o aumento dessa capacidade, que deverá chegar a 7,2 milhões de toneladas até 2014.
Ao todo, a empresa deverá investir R$ 200 milhões na expansão dos canaviais e na área industrial. A maior parte dos recursos virá da venda dos ativos de geração. "A operação vai reforçar o caixa da empresa, de modo que não precisaremos captar recursos para financiar nosso crescimento", afirma Tonon. A empresa prevê fechar o ano fiscal (março de 2012) com um faturamento da ordem de R$ 550 milhões. (Valor Econômico)
Leia também:
* Estrangeiros 'barram' superelétrica no país
* Energisa compra ativos da Tonon e entra em biomassa
* Projeto prevê fiação elétrica subterrânea em cidades históricas
* Aneel analisa suspensão de contratos no Ambiente de Contratação Regulada
* Pinga-Fogo Setor Elétrico: Eletrosul, MME e UHE Santo Antônio
Leia também:
* Estrangeiros 'barram' superelétrica no país
* Energisa compra ativos da Tonon e entra em biomassa
* Projeto prevê fiação elétrica subterrânea em cidades históricas
* Aneel analisa suspensão de contratos no Ambiente de Contratação Regulada
* Pinga-Fogo Setor Elétrico: Eletrosul, MME e UHE Santo Antônio