A produção de energia elétrica no Brasil oferece muitas oportunidades de melhorias. Atualmente, a demanda média anual gira em torno de 65.000MW e 68% da capacidade de geração elétrica instalada no Brasil advêm de usinas hidrelétricas. O aproveitamento do potencial hidráulico do Brasil (terceiro no mundo, atrás apenas da China e Canadá) para a produção de energia elétrica data do início do século XX, mas ganhou realmente força e importância a partir dos anos 50, quando um planejamento energético de longo prazo começou a tomar forma e alavancou a construção de uma série de grandes hidrelétricas a partir dos anos 60.
Trinta anos antes, o programa “New Deal”, lançado nos Estados Unidos pelo presidente Franklin Delano Roosevelt para vencer a crise de 1929, incluiu uma série enorme de barragens para controle de cheias e usinas hidrelétricas - sendo a mais significativa e ainda hoje um ícone da engenharia a de Hoover Dam, na divisa dos estados de Nevada e Arizona.
Quarenta anos depois, quando no Brasil grandes usinas estavam em construção, os americanos já estavam modernizando as suas. Um estudo daquele país revela que seria possível um ganho de rendimento de até 8% e ampliação da potência entre 11 e 22% - o que poderia resultar num ganho energético de cerca de 7% considerando-se 1288 hidrelétricas com 3.000 unidades geradoras.
Portanto, muitas usinas dos Estados Unidos e de países europeus servem como bons modelos do benefício dos programas de modernização do setor.
No Brasil, a partir do final dos anos 90, a modernização de hidrelétricas vem ganhando forma, embora ainda padeça da necessidade de um programa consistente que possa assegurar às geradoras um retorno do investimento condizente com as possibilidades não só da extensão da vida útil, mas que também incentive o incremento do rendimento e ampliação da potência. Isso poderá resultar não só em ganho energético, como também, e principalmente, na segurança para a demanda das horas de pico, cada vez mais significativa no nosso sistema.
Nos modernos conceitos de gestão de ativos, a modernização deve ser entendida como um investimento (e definitivamente não como uma despesa) que é calculado em termos de custos versus benefícios para o aumento da vida útil, redução dos riscos de indisponibilidade, simplificação da operação, aumento da confiabilidade e, se possível, incremento do rendimento e/ou potência da geração.
Em alguns projetos, o novo equipamento é também capaz de promover melhorias nas condições ambientais, protegendo a fauna e a flora aquáticas (mancais livres de graxa, rotores de turbinas que induzem aeração da água a jusante, projetos que aumentam a chance de sobrevivência dos peixes ao passar pela turbina, etc.).
A modernização das hidrelétricas caracteriza-se também pela sua sustentabilidade, ausência de impactos ambientais negativos e em muitos casos pode se beneficiar dos créditos de carbono, bem como evitar ou retardar eventuais novos empreendimentos de geração térmica.
O setor elétrico brasileiro encontra-se bastante propício para incentivar os projetos de modernização e repotenciação do seu parque hidrelétrico. Nesse sentido, o país dispõe atualmente de todos os recursos, sejam eles técnicos ou de gestão para assumir uma posição de vanguarda em soluções para a energia oriunda de empreendimentos hidrelétricos já existentes. Autor: Antonio Francisco Canina é responsável pela área de Modernização da Voith Hydro Ltda. (Jornal da Energia)
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