Conta de luz terá valor reduzido a partir de 2012; consumidor precisará mudar hábitos e evitar banho entre as 18h e as 20h; Tarifa Branca cria três faixas diárias de preços; mudança é opcional e depende da adoção de medidor digital
O velho relógio de luz, ancorado nos postes de fronte as nossas casas, está com os dias contados e pode começar a sair de cena em 2012. Vem aí o medidor digital e com ele uma pequena revolução em como se usa a energia elétrica no país.
O velho relógio de luz, ancorado nos postes de fronte as nossas casas, está com os dias contados e pode começar a sair de cena em 2012. Vem aí o medidor digital e com ele uma pequena revolução em como se usa a energia elétrica no país.
A mudança adiante não é um negócio trivial. Somente o plano nacional de substituição dos 65 milhões de medidores instalados no país, cujo padrão ainda não foi definido pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), vai criar um negócio de pelo menos R$ 13 bilhões. A novidade: o medidor deixará de ser somente um relógio. Será convertido numa pequena central com comunicação entre a moradia e a distribuidora de energia.
Essa mudança será capaz de transformar a malha de cabos de energia numa rede inteligente (o chamado smart grid), com serviços que atualmente não são oferecidos. Entre as novidades que podem surgir estão a "energia pré-paga", o desligamento e o religamento remotos e a informação instantânea sobre falta de luz -atualmente, a distribuidora só aciona os técnicos quando é informada pelo consumidor). Há grande expectativa também com a opção de adotar tarifas diferenciadas ao longo do dia. O plano do governo é instituir essa modalidade de tarifa contando com uma possível mudança de comportamento do brasileiro.
MUDANÇA DE HÁBITO - A concentração do consumo de energia entre as 17h e as 21h -principalmente o uso do chuveiro elétrico nesse período do dia- custa uma fortuna para o país, tanto em planejamento como em expansão de usinas. Transformadores de rua, hidrelétricas e termelétricas ficam ociosos ao longo do dia, mas trabalham a plena carga em cerca de três horas do dia, no horário de pico.
É nesse momento que muitas termelétricas (mais caras e poluidoras que as movimentadas por outras fontes) são ligadas, principalmente no inverno, época do ano em que chove menos e o nível de água nos reservatórios de hidrelétricas está mais baixo. Essa operação dispendiosa e cada vez mais comum -pois a folga das hidrelétricas para atender o pico de consumo vem caindo- exige muito do país.
A nova modalidade de tarifa pode, no médio e no longo prazo, minimizar esse problema, se se tornar uma opção para os consumidores. Com os novos medidores digitais, será possível optar pela Tarifa Branca -opção à cobrança convencional. A adesão não será obrigatória.
TRÊS TARIFAS - Com ela, o consumidor terá três tarifas diferentes num dia. Pagará metade do valor da tarifa convencional quando gastar energia fora do horário de pico [veja infográfico ao lado], mas pagará 150% da tarifa convencional nos chamados horários intermediários (nas horas que antecedem e que precedem o horário de pico).
Há ainda a tarifa no período de alta demanda. Nesse intervalo de três horas, das 18h às 20h, (período que pode mudar conforme a região do país), o preço da energia será 250% do preço da tarifa convencional. A ideia é dar uma opção tarifária para os consumidores, levando a usar energia fora do pico.
Agência quer que empresas paguem os custos da trocaA nova tarifa (chamada de Tarifa Branca) só estará em vigor após a revisão tarifária da distribuidora de sua região. As 63 distribuidoras do país passarão pelo revisão entre 2012 e 2014. A oferta dessa tarifa para o consumidor também dependerá ainda da disponibilidade do medidor digital, que substituirá o atual relógio eletromecânico. Ele é que fará a leitura do consumo e o horário em que ocorreu, bem como serviços como a energia pré-paga. A Aneel quer que a substituição dos relógios ocorra sem custo para o consumidor. A agência acha que os ganhos de eficiência com os novos medidores vão gerar economia suficiente para a distribuidora bancar o custo da troca. (Folha de S. Paulo)
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