terça-feira, 29 de novembro de 2011

Aneel julga recurso de Furnas contra multa do apagão

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) julgará nesta terça-feira (29) o recurso de Furnas contra a multa de R$ 17 milhões aplicada pela Superintendência de Fiscalização da agência em decorrência do apagão de dezembro de 2010 no Rio de Janeiro. O relator será o diretor Edvaldo Santana. Conforme antecipou a Agência Estado na última sexta-feira (18),o relatório da superintendência revela diversos erros da estatal na subestação de Grajaú, unidade que opera com menos transformadores do que deveria desde maio de 2010.

- Um dos agravantes da ocorrência na subestação de Grajaú foi a indisponibilidade do banco de transformadores. Os fiscais da agência apontam que houve "falhas graves e primárias" no planejamento da intervenção para efetuar a troca da proteção da linha "sem uma cuidadosa análise de risco, agravado por uma configuração do sistema com indisponibilidade de um transformador".

O relatório de fiscalização afirma também que foi verificado descumprimento do contrato de concessão de transmissão assinado em 2001 entre Furnas e a União. Conforme revelou a Agência Estado no dia 18, as três horas que os clientes da Light, no Rio, ficaram sem luz naquele ano já custaram R$ 275 milhões aos consumidores do Sudeste e Centro-Oeste.

Essa fatura alta, que foi cobrada na conta de luz dos consumidores dessas regiões, é consequência da falta de um transformador na subestação de Grajaú, pertencente a Furnas, avaliado em R$ 12 milhões, ou seja, quase 23 vezes menos.

A falta desse equipamento deixou o sistema que atende o Rio vulnerável, sobretudo no verão, quando aumenta consideravelmente a demanda de energia em função do aumento da temperatura. Para evitar novos apagões por sobrecarga no sistema, o sistema foi ligado à termoelétrica Barbosa Lima Sobrinho, que pertence à Petrobras.

O custo médio do despacho dessa usina é de cerca de R$ 25 milhões por mês. Levantamento do mercado obtido pelo Grupo Estado mostra que o maior valor foi pago em janeiro de 2011: R$ 45,7 milhões. O total, que bateu na casa dos R$ 275 milhões, foi rateado na conta de luz dos consumidores do Sul e Centro-Oeste sob o nome de Encargos de Serviços do Sistema.

O ONS, porém, contesta as contas do mercado e diz que o despacho da termoelétrica em função do desfalque na subestação de Grajaú ocorreu somente durante o verão, ou seja, por um período de três meses - janeiro a março -, ao custo de R$ 24 milhões por mensais.

Na ocasião, Furnas informou que a subestação Grajaú irá operar em plena carga até o fim deste ano. Segundo a estatal, o atraso na reposição do transformador ocorreu em função de falta de fornecedores classificados no processo de licitação para a compra do equipamento.

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