terça-feira, 11 de outubro de 2011

Vale aposta na geração de energia elétrica com etanol

O Brasil, que figura entre os países com mais alternativas para gerar energia, passa a contar com mais uma nova forma de produção: a geração térmica usando o etanol como combustível. A Vale Soluções em Energia (VSE), que desenvolveu a tecnologia por aqui, garante a eficiência do gerador, principalmente na utilização em geração distribuída.

Em novembro, o Brasil se tornará o primeiro País a utilizar etanol na geração de energia elétrica no continente Antártico, desafiando as barreiras do clima frio. Nesse mês, a Estação Antártica Comandante Ferraz substituirá o diesel mineral pelo etanol na produção de eletricidade. A iniciativa, uma parceira entre a VSE e a Petrobras, contou com investimentos de R$2,5 milhões.

Para o presidente da VSE, James Pessoa, é importante esse desafio na Antártica para consolidar a tecnologia. Ele afirma que esse mercado de geração de energia elétrica por meio do etanol deve alavancar nos próximos anos e que a empresa, hoje, tem condições de produzir até 500 geradores por ano.

Pessoa garante ainda que os geradores a etanol têm a mesma eficiência do diesel e quase o mesmo custo operacional, mas com a vantagem de emitir menos gases poluentes na atmosfera. Segundo o executivo, estima-se que existam 30 mil geradores a diesel na região Amazônica, em sete mil localidades, poluindo a atmosfera quando são acionados. Isso sem contar as máquinas a diesel que são utilizados por algumas empresas no horário de ponta com o objetivo de reduzir a conta de energia elétrica.

Para o presidente da VSE, esses mercados e o de motores para veículos urbanos de transporte coletivo são os grandes nichos a serem explorados por essa nova tecnologia. “O grande negócio é a energia distribuída. Você pode ter três ou quatro máquinas, por exemplo, de 220kW, para atender pequenas comunidades isoladas”, explica.

“Esse conceito já é utilizado no Nordeste brasileiro, mas o que realmente faz os olhos brilharem é o mercado africano”, adianta Pessoa. Ele diz que a região conta com dezenas de países que importam combustível e não têm energia elétrica nem uma rede confiável de geração, transmissão e distribuição. “Por lá está tudo por fazer. Então você leva a tecnologia brasileira, destilarias de etanol, geradores a etanol e espalha por vários pontos a geração de energia elétrica”, diz. E completa: “nós vemos nos geradores a etanol e na geração distribuída de energia limpa um poderoso vetor de políticas sociais, visto todos os benefícios que essa cadeia pode trazer para aquela região”.

Em contrapartida, Pessoa tem consciência de que ainda existem alguns obstáculos a serem vencidos - entre eles o da regulamentação e o da própria disponibilidade de etanol. Quanto à regulamentação, Pessoa afirma que está conversando com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Secretaria de Energia do Estado de São Paulo."Aliás, o secretário José Anibal demonstrou interesse na nova tecnologia", revela Pessoa.

Quanto à produção, ele diz que é preciso equacionar determinadas questões de custo e tributos para que o Brasil possa duplicar ou triplicar a produção de etanol. Atualmente, segundo ele, a produção de etanol brasileira é de 35 bilhões de litros por ano. “Você pode plantar etanol, mas não pode plantar diesel”, lembra o executivo. (Jornal da Energia)


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