terça-feira, 11 de outubro de 2011

Inverno chuvoso ajuda a reduzir custo de energia

O clima mais favorável para o aproveitamento de todo o potencial das hidrelétricas neste ano em relação ao registrado em 2010 deve ajudar a mitigar os efeitos da inflação e do câmbio no preço da energia elétrica para 2012. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em setembro - o período de seca vai de maio a outubro -, o nível dos reservatórios do país estava acima do registrado no mesmo período do ano passado.

No sistema Sudeste/Centro-Oeste, o maior do país, havia 65,36% de energia armazenada até o fim de setembro, enquanto no mesmo mês do ano passado a porcentagem era de 49,26%. No reservatório de Furnas, o maior da região, a porcentagem de energia armazenada estava em 69%. No sistema Sul, o nível das barragens está quase no limite, com 93,6%. Em setembro de 2010, o percentual era de 64,26%. De acordo com o ONS, a seca foi menos severa e o período chuvoso mais abundante neste ano. Em 2010, as usinas hidrelétricas foram responsáveis pela geração de 88,1% de toda energia consumida no Brasil.

Com a maior geração de eletricidade nas hidrelétricas, a necessidade de um uso maior de usinas termelétricas diminui, barateando o preço final da energia. No ano passado, as térmicas representaram 7,3% da matriz energética nacional e geraram 15,6 gigawatts médios em média. Neste ano, a ONS prevê que sejam produzidos cerca de 5,0 GW em térmicas, mas por motivos de falhas na rede de distribuição local. Ou seja, onde não chega a energia elétrica, a térmica precisa ser acionada.

A maior participação das hidrelétricas, que geram uma energia mais barata, no consumo total em 2011, vai ajudar a minimizar os efeitos da inflação de cerca de 6,5% prevista para este ano e a valorização do dólar, segundo o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) Adriano Pires. "O que vai acontecer é que no ano que vem, quando as distribuidoras forem reajustar as tarifas, o uso de termelétricas terá sido menor. Mas o custo não gerenciável, como a inflação, vai subir. A Itaipu, por exemplo, calcula em dólar seu preço", afirmou.

Além do Sudeste/Centro-Oeste, outro sistema importante de hidrelétricas é o do Nordeste, que hoje está com 60,31% de energia armazenada, diferentemente dos 48,23% registrados no ano passado. Enquanto o sistema Sul tem capacidade para armazenar 18,7 gigawatts médios, o nordestino, com as barragens cheias de água, armazena até 51,8 gigawatts. O sistema maior, disparado, é o Sudeste/Centro-Oeste, com armazenamento de até 201,2 gigawatts.

Como a previsão é que a partir do final de outubro as chuvas voltem a abastecer os reservatórios, não há preocupação no governo com uma eventual falta de energia. A meta de segurança para o sistema SE/CO para o mês de dezembro é de 20% de energia armazenada. Para o Sul, a meta é de 33%, enquanto para o Nordeste é de 20%. O sistema Norte, que atualmente está com nível perto do alcançado em setembro do ano passado, com metade das barragens cheias, esvazia mais antes do período de chuvas para suportar o alto índice pluviométrico da região. (Valor Econômico)


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