terça-feira, 18 de outubro de 2011

Pinga-Fogo Setor Elétrico: Eletrobras, Cteep e Celesc

Eletrobras tenta reabrir mercado externo com emissão de US$ 2,5 bi
A Eletrobras se prepara para realizar uma emissão de títulos no exterior, após mais de um mês sem operações de empresas brasileiras. A companhia pretende captar até US$ 2,5 bilhões em bônus de 10 anos, denominados em dólar, sem garantias reais, para destinar os recursos ao seu programa de investimentos. A Moody"s atribui rating "Baa2" à proposta de emissão e a mesma nota para a Eletrobras. A Standard & Poor"s anotou rating "BBB-".O mercado de títulos no exterior está praticamente fechado desde agosto, após o agravamento da crise externa com os desdobramentos negativos da dívida soberana da Grécia. Em setembro, apenas uma captação foi realizada, pela Brasil Telecom, com o lançamento de R$ 1,1 bilhão em reais. O volume captado no terceiro trimestre pelas companhias brasileiras somou US$ 5,23 bilhões, segundo levantamento do "Valor Data", bem inferior aos cerca de US$ 20 bilhões lançados no mesmo período do ano passado.

Incerteza com concessões já prejudica financiamentos
A Cteep, segundo maior player de transmissão do País - atrás somente da estatal Furnas - tem motivos para se preocupar com a indefinição que paira sobre o destino das concessões do setor elétrico. Dentre esses contratos, que começam a vencer em 2015 e incluem ativos de geração, transmissão e distribuição, estão linhas que hoje respondem por 80% da receita da companhia. Na sexta-feira (14/10), durante reunião com analistas e investidores, o presidente da empresa, César Ramirez, lembrou que ainda não há qualquer definição sobre o tema. “Temos a expectativa de que talvez no final deste ano ou no primeiro trimestre de 2012 o governo dê um sinal. Nós, da Cteep, achamos que a possibilidade de renovação é mais alta do que a de um leilão”, apontou o executivo. Ramirez ainda lembrou que, caso o governo opte pela renovação, as empresas precisariam – ao menos com base nas premissas atuais – informar com antecedência o desejo de continuar com a concessão. No caso da Cteep, isso teria de ser feito até julho de 2012. Não bastasse esse prazo, a companhia já começa a sentir os efeitos da incerteza na hora de captar recursos. “A renovação das concessões é muito importante para financiamentos. No caso dos (investimentos em) reforços, o financiamento é com o BNDES. Então, se nós temos cenário de renovação, abre espaço para você ter um financiamento de prazo maior e, fazendo isso, a companhia fica com uma capacidade maior para outros investimentos”, resumiu Ramirez, em conversa com jornalistas. A companhia atualmente busca, por meio do banco de fomento e outras fontes, R$1,2 bilhão para aplicação em reforços.

Celesc planeja investimento de R$ 1,75 bilhão até 2015
Atentas ao período que antecede ao fim das concessões do sistema de energia elétrica, que começa em 2015, a Celesc anunciou ontem um plano de R$ 1,75 bilhão em investimentos para repotencializar e ampliar a rede de distribuição no Estado nos próximos quatro anos. Ainda não existe uma definição sobre o futuro das concessões, mas tudo caminha para uma renovação, com algumas condicionantes. O projeto antecipa o Plano de Desenvolvimento de Distribuição (PDD) que será assinado com a Aneel no próximo ano para o ciclo de 2012 a 2015, de R$ 1,08 bilhão. Segundo o presidente da Celesc, Antonio Gavazzoni, a iniciativa de antecipar o projeto de investimento foi elogiada pelo diretor-geral da Aneel, Nelson Hübner, em reunião na semana passada. De acordo com Gavazzoni, há insegurança no setor para realizar planos mais ousados de investimentos porque não há clareza sobre as regras de revisão tarifária do terceiro ciclo para os distribuidores de energia. Na Celesc, o terceiro ciclo está marcado para agosto de 2012. No investimento de R$ 1,75 bilhão até 2015 estão contabilizados R$ 400 milhões aplicados em 2011. O valor representa um esforço de investimento necessário para que a companhia cumpra o plano acordado para o ciclo de 2008 a 2011 com a Aneel, de R$ 1,22 bilhão. Segundo informações da agência, em 2009 a Celesc realizou R$ 200,1 milhões dos R$ 305,5 previstos. Em 2010, foram R$ 361 milhões efetivamente realizados, acima dos R$ 347,4 planejados. Para 2011, o PDD prevê R$ 483,1 milhões, segundo a Aneel.

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