segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Turbinas eólicas buscam saída para ganhar escala

A expectativa das empresas que atuam na cadeia da geração eólica é a de que a participação desse segmento na matriz energética brasileira avance de 0,8% para 4% até 2013. Apenas nos leilões A-3 e de Reserva, que ocorreram na última semana, o volume de energia vendido foi da ordem de 1,9 mil megawatts (MW), suficiente para abastecer uma cidade com mais de 5 milhões de habitantes. No entanto, antes mesmo das grandes fabricantes de aerogeradores inaugurarem suas fábricas no país, o aumento nos custos de produção e a depreciação do preço da energia vendida nos leilões do governo já estão apertando as margens dessas companhias pois os equipamentos representam em média 70% do custo de produção de uma usina. Olhando os investidores é possível enxergar a situação de quem fornece. A Renova, que tem a Light entre seus acionistas, vendeu no leilão A-3 213 MW ao preço médio R$ 98,53/MW (no leilão de 2010 a média de preços foi R$ 130).

De acordo com o diretor administrativo, financeiro e de relações com investidores da Renova, Pedro Pileggi, a margem da companhia não mudará com a queda no preço de energia, isso porque o cenário de negociação com os fornecedores está mais favorável. "O custo por unidade geradora, que em 2009 ficou em R$ 4 milhões e em 2010 em R$ 3,6 mihões, ficará abaixo de R$ 3,5 mihões em 2011", garante. A empresa tem pré-contrato de fornecimento com a GE. Na ponta fornecedora, a Wobben, primeira empresa brasileira fabricante de aerogeradores de grande porte, hoje controlada pela alemã Enercon, alega estar vendendo suas turbinas apenas para cobrir os custos da fábrica enquanto espera negócios mais rentáveis. "A Wobben trabalha com margens absolutamente mínimas e qualquer fabricante sério está nessa situação", afirma o presidente da Wobben no Brasil, Pedro Vial.

O executivo destaca que os seus custos industriais, como aço e o concreto utilizado para construir as torres, subiram cerca de 25% desde o primeiro leilão de fontes alternativas, realizado em 2009. "Não conseguimos repassar o aumento do custo, o que temos feito é buscar um ganho de escala", diz Vial. Na busca por competitividade a Wobben está buscando mercado na América Latina, especialmente Uruguai e Chile. No último mês, foi inaugurada uma usina eólica comcapacidade instalada de 6,3 MW do grupo argentino Capsa, na Argentina, com aerogeradores fabricados no Brasil pela companhia. Há também quem se beneficie da elevação nos custos de produção. É o caso da Suzlon que tem fábricas na Índia e na China e dessa forma consegue ser mais competitiva. O presidente da Suzlon no Brasil, Arthur Lavieri, explica que a principal estratégia da empresa é mitigar as variações de custo e por isso fecha contratos com toda a cadeia produtiva sempre olhando um horizonte de dois anos.

"Isso dá uma massa de manobra muito grande", garante Lavieri. Hoje a Suzlon tem uma carteira de pedidos no mundo todo da ordem de US$ 7 bilhões e 38% da sua capacidade está instalada no mercado brasileiro. No trimestre encerrado em junho, a companhia obteve um lucro de US$ 14 milhões, uma alta de 35% em relação ao mesmo período de 2010. Resultado considerado positivo após cinco trimestre ruins. No Brasil, a estratégia da Suzlon também passa por parcerias. Na última semana a empresa fechou um acordo comercial com a Aeris Energy para produzir pás eólicas no Brasil. Dessa forma, a companhia antecipa a nacionalização dos produtos em 90 dias, mas adia o plano de ter uma fábrica própria no país. De acordo com o presidente da empresa no Brasil, dependendo do resultado do leilão A-3 novos componentes que compõe o parque eólico devem ganhar uma linha de produção em terras brasileiras. (Brasil Econômico)

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