As geradoras de energia eólica acrescentarão 2 gigawatts (GW) de potência ao sistema elétrico brasileiro. Trata-se do maior volume de uma fonte de energia alternativa já contratado-o preço médio ficou em R$ 99,55 por megawatt-hora (MWh). O valor foi acertado após dois dias de leilões (o de energia nova na quarta-feira, 17, e de reserva, na quinta 18) realizados pelo governo para a contratação de energia elétrica para fornecimento a partir de 2014. "Os leilões quebraram o paradigma de que as usinas eólicas não conseguiriam competir com as térmicas a gás e que, além disso, não teriam condições de ofertar volume de dois dígitos a um preço abaixo dos R$ 100", afirma Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
"É um fato novo que obriga reflexão sobre o papel das eólicas na matriz energética brasileira". O destaque das eólicas nos leilões de energia já leva o governo a admitir a hipótese de contratar essa fonte energética pelo mesmo critério fixado para as usinas hidrelétricas, ou seja, pela quantidade da sua potência e não por disponibilidade, como é feito hoje. Isso pressupõe uma receita fixa menor do que a paga às hidrelétricas e outra que varia a medida que a usina é acionada - contrato atualmente feito com as termelétricas. "Sempre defendi a contratação das eólicas por quantidade e precisamos criar mecanismos para viabilizar isso", diz o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), NelsonHubner.
Os mecanismos seriam, por exemplo, testar o efeito de geração da eólica junto com a hídrica e elaborar uma série histórica de ventos para prever montantes de geração. Segundo Hubner, o Brasil precisa aproveitar a janela de oportunidades abertas pelo interesse dos fabricantes de aerogeradores, principalmente, europeus de entrar no Brasil. É a agressividade dos fornecedores, que entregam equipamentos a preços mais baixos para garantir mercado no país, que tem possibilitado a compra de energia a preço baixo.
"Tirando a China, com a qual é difícil de comparar, temos hoje um preço de geração de eólicas dos menores do mundo", diz Hubner. No total, foram 78 os empreendimentos eólicos contratados ao fim dos leilões. A dúvida que paira é se no Brasil há fabricantes de equipamentos suficientes para atender a um compromisso de geração na ordem de 2 GW. Mas Tolmasquim diz que o suporte será garantido pela entrada de quatro novas fabricantes já credenciadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para se instalar no Brasil. Hoje os quatro fornecedores que existem no país garantem capacidade instalada de 2,8 mil MW por ano.
Biomassa - Um total de 11 empreendimentos foi contratado nos leilões, a preço médio de R$ 100,40 por MWh no leilão de reserva e de R$ 102,41 por MWh no de energia nova. Os valores surpreenderam diante das reclamações dos usineiros de que os custos por MWhpraticados em leilão inviabilizariam a venda de energia elétrica a partir do bagaço da cana. "As usinas responderam ao nosso desafio de que compraríamos toda a energia biomassa que pudesse ser vendida ao preço de hidrelétrica", diz Hubner. Mas o volume de energia de apenas 555 MWde potência, contratada nos dois leilões, ainda lança incertezas ante às perspectivas de assumir papel significativo dentro da matriz energética brasileira.
RENOVA - Energia de vento se mostrou competitiva nos dois dias de leilão O diretor administrativo, financeiro e de relações com investidores da Renova, Pedro Pileggi, diz que as usinas eólicas mostraram competitividade como fonte de energia. A empresa vendeu 213 MW divididos em nove projetos ao preço médio de R$ 98,53 MWh. Segundo Piagelli, o valor se viabiliza pelo ganho de escala. "O investimento total por megawatt instalado ficará abaixo de R$ 3,5 milhões", diz. Para o executivo, haverá cada vez menos espaço para empresas de pequeno e médio porte no segmento eólico. "O ganho de escala e a taxa de retorno são o que dão competitividade", diz. Priscila Machado. (Brasil Econômico)
Leia também:
* Privatização de elétricas em estudo
* Diante da crise, governo revisa para baixo consumo de energia
* Turbinas eólicas buscam saída para ganhar escala
* Licença para início das obras em Teles Pires é liberada pelo Ibama
* Pinga-Fogo Setor Elétrico:Aneel estuda viabilidade de sistema pré-pago de energia
Leia também:
* Privatização de elétricas em estudo
* Diante da crise, governo revisa para baixo consumo de energia
* Turbinas eólicas buscam saída para ganhar escala
* Licença para início das obras em Teles Pires é liberada pelo Ibama
* Pinga-Fogo Setor Elétrico:Aneel estuda viabilidade de sistema pré-pago de energia