SÃO PAULO - Em meio à polêmica envolvendo a disputa entre térmicas a gás e usinas eólicas no leilão de energia nova de amanhã, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, voltou a defender a realização de leilões regionais e por fontes de energia, com a meta de viabilizar a contratação de térmicas para o sistema. "Com a crescente perda de capacidade de armazenamento dos reservatórios, é preciso a complementação térmica. Não há milagre", disse o executivo, que participou hoje do 12º Encontro de Energia, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Segundo Chipp, será impossível operar o sistema elétrico brasileiro sem a existência de uma complementação das térmicas. Nesse contexto, a expectativa do ONS é de que, naturalmente, as térmicas voltem a ser contratadas nos leilões de energia do governo, tendo em vista a necessidade do sistema e o aumento da oferta de gás natural nos próximos anos, o que deve deixar a fonte mais competitiva. "Para o leilão de amanhã, já teremos uma oferta grande de térmica a gás", disse.
De acordo com Chipp, a situação mais crítica está na região Sul, que necessita de aumento da capacidade de geração ou um reforço da interconexão com o Sudeste para o atendimento de sua carga de energia. O executivo afirmou que a área de planejamento do governo, comandada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ainda se mostra relutante no que diz respeito à realização de um leilão de energia exclusivo para o Sul, mas o reforço no sistema de transmissão já está sendo considerado. "O planejador já pensa na expansão da transmissão com o Sudeste", afirmou.
Ontem, o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, rebateu as críticas do mercado sobre a competição entre as térmicas a gás e as eólicas no leilão de amanhã, afirmando que não há nenhum elemento que justifique a definição de cotas para a contratação de fontes específicas de energia. "Essa é uma visão na qual ele claramente privilegia o preço da energia. Quanto maior a competição, maior a tendência de queda no preço", explicou o diretor-geral do ONS.
Chipp, porém, lembrou que a contratação das térmicas gera uma segurança maior ao sistema elétrico. Nesse sentido, é difícil saber de antemão se a contratação das térmicas irá aumentar a conta de luz dos consumidores ou se ajudará a reduzir o custo global de operação do sistema. "É impossível saber isso, porque só vai se verificar durante a operação. Ninguém sabe", afirmou o executivo, ressaltando que o operador tem a visão mais apurada sobre as condições de segurança do sistema do que o planejador. "É natural, porque vivemos o problema no dia a dia", acrescentou.
Expansão de hidrelétricas - O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, sugeriu que o governo federal crie regras para estimular os investimentos em ampliação de capacidade das hidrelétricas existentes. Estudo produzido pelo operador mostra que isso eliminaria o uso das termelétricas para o atendimento da demanda do mercado no horário de pico. "É mais barato atender o pico com as hidrelétricas do que com as térmicas", avaliou o executivo.
Com base em levantamento elaborado pela Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), Chipp afirmou que o potencial de ampliação do parque hidrelétrico brasileiro é de cerca de 5 mil megawatts (MW). O executivo afirmou que muitas usinas foram construídas com espaço físico para se adicionar novas unidades geradoras, mas o investimento não é feito porque a instalação de novas máquinas não aumenta o volume de energia para venda. "Os incentivos que poderiam ser dados às geradoras é a contratação de potência ou um encargo de capacidade", argumentou o executivo.
O Plano Anual de Operação Energética (PEN) 2011 - 2015, divulgado ontem pelo operador do sistema, mostra o impacto positivo da ampliação das hidrelétricas existentes. Nos cálculos do ONS, será necessário gerar as térmicas em alguns momentos do horizonte entre 2013 e 2015 para o atendimento da carga no horário de pico. Contudo, isso não precisaria ocorrer se os aportes em ampliação de capacidade fossem realizados pelas empresas, adicionando os 5 mil MW de potência ao parque gerador. (Agencia Estado)
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