Os investimentos em energia eólica do grupo Eletrobras deverão se intensificar nos próximos anos, diante das limitações à construção de hidrelétricas na Amazônia. Bem-sucedida no último leilão de energia promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a estratégia é usar a geração dos ventos para compensar restrições impostas pelo governo à utilização de pouco menos de 30%do potencial das reservas hídricas ainda por explorar no país.
Presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho, admitiu para o BRASIL ECONÔMICO que, dos 260 gigawatts (GW) desses aproveitamentos, cerca de 70 GW não poderão ser convertidos em energia devido à sensibilidade ambiental das áreas onde estão localizados. O que não quer dizer que a região amazônica encontra- se embargada para novas usinas. O cálculo revela que, do total, o país poderá aproveitar 120 GW, uma vez que outros 80 GW já se encontram inventariados ou em vias de licitar. Dos 120GW, calcula o executivo, cerca de 60%, ou cerca de 70 GW, estão na Amazônia.
No último leilão de energia da Aneel, a Eletrobras vendeu 492 megawatts (MW) de energia eólica, por meio da subsidiária Eletrosul, com a instalação de 21 turbinas no estado do Rio Grande do Sul. A nova carga complementa os 90 MW que a mesma Eletrosul deverá inaugurar até o fim do ano no município de Cerrochato (RS). Além de ter alcançado preço, no último leilão, inferior ao de projetos termelétricos a gás natural, a tecnologia eólica apresenta vantagens adicionais, tanto do ponto de vista ambiental, quanto operacional.
Carvalho lembra que o regime de ventos do país favorece a complementaridade das usinas eólicas com as hidrelétricas. Como a maior incidência de ventos ocorre nos meses de menor índice de chuvas, entre abril e outubro, o acionamento das turbinas eólicas se dá justamente quando os reservatórios hidrelétricos estão em baixa.
Com a vantagem de menor impacto tarifário e ambiental, visto que as termelétricas a gás ou óleo diesel e combustível geram energia mais cara e com maior quantidade de gás carbônico (CO2). “Mesmo as hidrelétricas previstas para os próximos anos na Amazônia terão impacto muito pequeno sobre a região”, defende Carvalho, ao contestar o principal argumento de parcela da sociedade civil contra empreendimentos hidrelétricos como as usinas de Belo Monte, no Pará, e do Rio Madeira, em Rondônia. “Além de gerar energia a fio d’água, sem a construção de reservatórios gigantes, como nos anos 1970, os novos projetos hidrelétricos deverão ser concebidos pelo sistema de usinas- plataforma, que minimizam impactos sócio-ambientais”.
Usinas a fio d'água
Desenvolvido pelo secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimermmann, o conceito de usina-plataforma designa projetos cuja construção se dá com a mobilização e desmobilização de canteiros restritos à menor área possível. O conceito foi inspirado na atividade offshore de petróleo, apesar de o empreendimento hidrelétrico não envolver montagem e desmontagem de plataformas.
Uma das consequências é a baixa capacidade de armazenamento das usinas a fio d’água, característica que as torna dependentes do fluxo do rio. Enquanto usinas como Itaipu, com potência de geração de 14 mil MW, dispõem de capacidade para armazenar água — energia — de dois a cinco anos, as hidrelétricas a fio d’água estão limitadas a um ano. Além disso, como estão sujeitas às variações do rio ao longo do ano, dispõem de menor fator de geração.
Um dos exemplos será a usina de Belo Monte, no rio Xingu. Devido à irregularidade da vazão do rio, a hidrelétrica terá capacidade de 40%, uma dos mais baixas do país. Na prática, significa que a usina terá potência firme de 4.472 MW, embora tenha previsão de mais de 11 mil MW de potência instalada. (Brasil Econômico)
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