sexta-feira, 8 de julho de 2011

Cemig investirá R$ 400 mi na Renova

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), por meio da distribuidora Light, aprovou nesta quinta-feira uma parceria com a Renova Energia, empresa negociada em bolsa e que investe em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e usinas eólicas. Com o negócio, de cerca de R$ 400 milhões, a Light passará a deter 26% do capital total e 50% do bloco de controle da Renova.

A parceria, que vem sendo discutida desde o início do ano, vai reforçar a iniciativa da distribuidora fluminense de retomar projetos de produção de energia e atender o mercado livre. A ideia é ter mais geração própria para atender os clientes das comercializadoras do grupo (só a Cemig detém um terço do mercado livre). Hoje a empresa está investindo R$ 728 milhões em três novos projetos de geração, que vão ampliar em 27% a capacidade de fornecimento de energia até o ano que vem. Na Light, o negócio será votado em reunião marcada para hoje à tarde.

Os projetos tocados pela Light seguem a mesma linha dos empreendimentos da Renova, focados em energia limpa. A empresa foi criada em 2001 para desenvolver projetos de PCHs. No meio do caminho, quando a energia eólica ainda vivia sob forte descrença do mercado, a companhia decidiu iniciar estudos dos potenciais dos ventos no País. Em 2007, associou-se ao fundo de investimento InfraBrasil, que tem entre os sócios o banco Santander. Para se capitalizar e tirar do papel os empreendimentos, ela abriu o capital em 2009 e captou R$ 160 milhões.

Hoje a empresa tem três PCHs em operação, de 41,8 megawatts (MW). Mas o chamariz são os parques eólicos, que ela tem em carteira. Nos últimos leilões promovidos pela Agência Nacional de Energia Eólica (Aneel), a Renova foi uma das principais protagonistas. No total são 20 parques eólicos na Bahia, que somam 423 MW, todos em fase de construção e com contrato de venda de energia garantido.

Outro fator que chama atenção dos concorrentes são os projetos em estudo. Nos últimos anos, a Renova investiu no desenvolvimento de inúmeros projetos (alguns já entregues à Aneel), que somam 2.205 MW de energia eólica e 1.465 MW, de PCHs. Com a parceria com a Light, a empresa, que vale R$ 1,6 bilhão na bolsa, poderá acelerar os planos de crescimento.

A história da Renova com a Light faz parte de um forte movimento de fusões e aquisições que se instalou no setor elétrico nos últimos meses. Em abril, a CPFL Energia e a ERSA Energias Renováveis (que também tinha ações em bolsa) anunciaram a criação da CPFL Renováveis. O negócio surgiu a partir da associação dos ativos das duas empresas em PCHs, parques eólicos e usinas termelétricas movidas a biomassa. A fusão criou uma das maiores empresas da América Latina no segmento, com 648 MW de potência instalada em operação, 386 MW em construção e 3.341 MW em preparação para construção ou desenvolvimento. Juntas, Light e Renova serão uma concorrente de peso para a CPFL Renováveis. (O Estado de S. Paulo)

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