Depois de um longo período de espera, os donos de projetos de termelétricas movidas a gás natural, de grande porte, podem começar a tirar seus planos da gaveta. O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, diz que está pessimista na possibilidade de ter hidrelétricas suficientes para leiloar neste ano e por isso já sinaliza a volta das térmicas também para os leilões de longo prazo. "A situação para as hidrelétricas está ruim. Não estou otimista. Hoje o cenário é para que tenhamos térmicas a gás", disse Tolmasquim em entrevista exclusiva ao Valor.
Desde 2008, os empreendimentos termelétricos estão fora dos leilões de energia do governo federal. A prioridade foram as hidrelétricas, eólicas e biomassa e grandes leilões foram realizados como o de Belo Monte e Teles Pires. Os planejamentos decenais há dois anos excluíram qualquer previsão de novos empreendimentos termelétricos movidos a combustível fóssil. Mas as térmicas estão de volta e já vão concorrer no leilão de curto prazo que acontece até julho.
Uma grande quantidade de empreendedores já está se cadastrando para o chamado A-3 (A menos 3), que é um leilão de prazo mais curto em que a energia é vendida e precisa ser entregue em até três anos. O cadastro termina no próximo dia 19 e já atraiu grandes geradoras como a CPFL Energia. O vice-presidente de geração da companhia, Miguel Saad, disse que a empresa já tem até mesmo uma espécie de pré-contrato com a Petrobras.
Os atrasos dos empreendimentos termelétricos do grupo Bertin, que deveriam ter entrado em operação no início deste ano, fez com que a Petrobras alterasse a regra para o fornecimento de gás. Agora a estatal exige capital mínimo de R$ 400 mil por megawatt (MW) instalado para atender os empreendedores que quiserem participar do leilão com usinas movidas a gás. Com isso, o governo pretende inibir os novatos no setor ou que eventualmente tenham dificuldade de obter financiamentos. O objetivo é evitar novos casos de atrasos, que têm marcado o resultado final dos leilões de 2007 e 2008.
Mas as térmicas a gás terão que concorrer com as eólicas no leilão de curto prazo, programado para julho. Segundo Tolmasquim tem sido grande a inscrição para a disputa tanto de térmicas a gás como de eólicas.
Para o leilão de longo prazo, outras grandes empresas poderão retomar investimentos. Grupos como EDP, MPX, AES e Duke Energy têm projetos em carteira, prontos para serem leiloados. As duas últimas, inclusive, precisam vender energia de termelétricas a serem instaladas em São Paulo para cumprirem o edital de privatização. As empresas estão há três anos inadimplentes com as regras dos contratos, mas só leilões de longo prazo podem viabilizar as térmicas de até 500 MW que têm em estudo.
Apesar de já vislumbrar a volta das térmicas para o leilão de longo prazo, Tolmasquim diz que ainda não vê necessidade de fazer leilões regionais. A ideia desse tipo de leilão foi lançada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) que entende que é preciso ter mais termelétricas no Sul e Sudeste do país. Mas Tolmasquim entende que o sistema de transmissão é eficiente em todo o país e não há necessidade. "Tiraríamos a competitividade dos leilões", diz Tolmasquim. (Valor Econômico)
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