segunda-feira, 23 de maio de 2011

Previsão de nova queda do preço no leilão de julho

A dificuldade em prever como irá se comportar o preço da energia eólica no leilão marcado pelo governo para julho inibe qualquer agente do setor a cravar publicamente uma estimativa de quanto vai valer o megawatt-hora (MWh) gerado pelo vento. Nos bastidores, porém, todos trabalham com um preço de, no máximo, R$ 130 o MWh. Se confirmado, o número seguiria uma tendência de queda identificada desde os leilões de 2009. Em dezembro daquele ano, o MWh chegou a R$ 148, valor 25% abaixo do teto estabelecido pela estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE). No leilão de 2010, o preço médio do MWh ficou em R$ 141, queda de 17% sobre o teto.

Dos 568 projetos de geração apresentados à EPE para concorrer nos leilões de reserva e de A menos 3 (com três anos de antecedência), 429 são de fonte eólica. Reunidos, os projetos eólicos respondem por 10,9 mil MW, quase metade do potencial energético cadastrado pela EPE, de 23,3 mil MW. O peso das eólicas nos leilões levou a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) a pedir que o governo separasse esses projetos da concorrência com os demais - pequenas centrais hidrelétricas e térmicas a biomassa e a gás natural.
O pedido foi encaminhado na semana passada ao Ministério de Minas e Energia (MME). A realização de um leilão exclusivo para eólica foi uma promessa feita pelo ministro Edison Lobão assim que assumiu o comando da pasta de Minas e Energia.

Segundo Mauricio Tolmasquim, presidente da EPE, não haveria restrição para desmembrar o leilão, mas o governo tende a mantê-lo no formato atual por entender que terá maior competitividade entre as empresas. "Há vantagens e desvantagens em cada um dos modelos. De qualquer forma, o próprio volume de projetos de eólicas irá gerar uma forte competição", comenta.

A equação financeira dos projetos eólicos tem sido favorecida com a crescente produção local de equipamentos e a chegada de multinacionais desse segmento no país. Outros fatores, no entanto, podem pesar na hora de fechar a conta. Para o presidente da fabricante Suzlon no Brasil, Arthur Lavieri, a principal dificuldade das empresas está ligada ao aumento do preço de algumas commodities, principalmente o aço e o cobre.
"Existe uma pressão de custos intensa, principalmente para o maquinário. Além disso, a chapa de aço no Brasil é cerca de 60% mais cara que o negociado no mercado mundial", diz Lavieri.

A indiana Suzlon já está assinando memorandos de entendimento prévio com clientes. Segundo Lavieri, a empresa foi procurada por 58 clientes nos últimos sete meses. Nos próximos dias, a empresa irá anunciar a construção de uma fábrica de pás no Ceará, com 200 postos de trabalho. Serão investidos R$ 30 milhões para produzir até 300 pás aerogedoras por ano.
De olho em novos contratos, a alemã Wobben acredita que os valores cobrados por MWh este ano ficarão na média dos leilões de 2009 e 2010. "Os preços para a produção têm subido desde 2009, puxados, principalmente, pelo aumento do aço e cobre", disse o presidente da empresa, Pedro Angelo Vial.
Entre os projetos eólicos firmados entre 2009 e 2010, o parque atual contratado soma 3,8 mil MW de potência instalada. Para que esse segmento se consolide no país, estima a Abeeólica, seria necessário que cerca de 2 mil MW fossem contratados por ano. (Valor Econômico)