terça-feira, 22 de março de 2011

Pinga-Fogo Setor Elétrico: CEB, Jirau e BNDES

CEB está endividada, sucateada e trabalhando no limite
Um debate realizado na Câmara Legislativa no Distrito Federal, o diretor de Engenharia da Companhia Energética de Brasília (CEB), Mauro Martinelli, explicou que os problemas enfrentados pela empresa são decorrentes de diversos equívocos, que vão desde a opção por investir em geração de energia em detrimento de distribuição, à progressiva diminuição do quadro de funcionários. A CEB, que chegou a ser considerada a melhor distribuidora de energia do Brasil nos anos 90, hoje deve cerca de R$ 800 milhões. "Nenhuma empresa do mundo aguentaria uma gestão como a que foi feita na CEB nos últimos anos. O financiamento foi feito da pior maneira possível. Já a falta de investimentos na distribuição de energia fez com que hoje estejamos trabalhando no limite", disse Martinelli.
Segundo o diretor de Engenharia, a CEB perdeu sua memória técnica com o passar dos anos. Em 1993, eram 1831 funcionários, atualmente, são apenas 839. "A CEB foi criminosamente preparada para a privatização e chegou a negociar sua venda à Cemig em segredo. O governo Agnelo entende que a CEB é viável e vai fazer os investimentos necessários".

Câmara vai acompanhar negociações na usina de Jirau
A Comissão de Trabalho e Serviço Público da Câmara dos Deputados vai acompanhar os desdobramentos dos conflitos envolvendo a construção da Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia. Na última semana, brigas e protestos envolvendo os trabalhadores da usina resultaram no incêndio de dezenas de carros e na depredação de parte das instalações do canteiro de obras. Desde então, a construção está paralisada e, segundo a assessoria de imprensa da Camargo Corrêa, responsável pelo empreendimento, não há previsão de retomada dos trabalhos.

Comitê
Um comitê de emergência, formado pelo Ministério Público Federal em Rondônia (MPF-RO), o Ministério Público do estado e o Ministério Público do Trabalho (MPT), foi criado para acompanhar a situação dos trabalhadores na Usina Hidrelétrica Jirau, no Rio Madeira. Desde a semana passada, a obra está paralisada por causa de protestos de trabalhadores. O Ministério Público Federal, o Ministério Público Estadual e o Ministério Público do Trabalho expediram ofícios a vários órgãos estaduais e federais para que fiscalizem as condições de higiene dos locais onde os operários foram alojados e garantam a ordem e integridade dos trabalhadores da hidrelétrica e da população de Porto Velho.

Santo Antônio
O Consórcio Construtor, responsável pela construção da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia, informou que as atividades do canteiro de obras voltarão à normalidade hoje (22/3). O transporte dos trabalhadores estará disponível nos horários e pontos de embarque habituais. As obras na usina foram interrompidas na última sexta-feira (19/3) por causa dos protestos dos trabalhadores da Usina Hidrelétrica Jirau, também em construção no Rio Madeira.

BNDES diz que crédito a Jirau e Santo Antônio será mantido
O presidente do BNDES Luciano Coutinho, afirmou ontem (21/3) que a crise dos trabalhadores das usinas de Jirau e Santo Antônio não inviabiliza o financiamento para as usinas, que representam dois dos principais projetos do PAC. Segundo Coutinho, a expectativa é que a crise seja resolvida rapidamente. "O financiamento está normal. Essa crise lá nos preocupou muito. Nossa expectativa é que possa ser equacionada. Os projetos estavam correndo dentro do cronograma, inclusive aceleradamente. Havia um desejo grande dos empreendedores de concluir dentro do prazo e até antes.

O que ocorreu foi um problema de insatisfação não específica dos trabalhadores, não parece ter qualquer motivação política. Espero que seja equacionado no curtíssimo prazo", disse. Segundo Coutinho, uma interrupção só aconteceria se a crise se prolongasse por meses. O banco aprovou financiamentos de grande monta para as usinas. O valor total do empréstimo para Jirau é de R$ 7,2 bilhões e foi aprovado em fevereiro de 2009. O financiamento para a usina de Santo Antonio é de R$ 6,1 bilhões, aprovado em dezembro de 2008.

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