terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Preço da energia no mercado spot tende a aumentar

Depois de ensaiar uma recuperação nos últimos meses do ano passado, o preço médio da energia no mercado spot (Preço de Liquidação de Diferenças - PLD) despencou, fechando janeiro de 2011 em torno de R$ 15 o megawatt/hora, mesmo patamar atingido no ápice da crise financeira internacional. Contudo, segundo especialistas, o panorama é apenas reflexo do modelo matemático de composição do PLD, que é vinculado, entre outros fatores, ao nível de água dos reservatórios, e não reflete a tendência de alta dos preços do ambiente de livre contratação.

O presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, enfatizou que "de 70% a 80% da energia consumida pela indústria nacional são negociadas em contratos de longo prazo e o PLD não afeta significativamente o custo médio do insumo para o setor".

Segundo Pedrosa, a queda reflete o fenômeno do atraso das chuvas que se concentraram em janeiro deste ano. "O modelo de composição do PLD percebe isso como uma tendência e o resultado é um efeito significativo no curto prazo. A distinção importante que deve ser feita é que o PLD não reflete os preços de contratação no mercado livre, que hoje na prática são elevados", pontuou.

O gerente de Estudos Econômicos Financeiros da Andrade & Canellas, Ricardo Savoia, explicou que as chuvas abundantes do começo do ano alavancaram o nível dos reservatórios e, por outro lado, derrubaram o PLD no mercado spot, que não representa, sozinho, o preço médio da energia no mercado livre.

"A queda do PLD foi resultado das chuvas. Nos últimos meses de 2010, o nível dos reservatórios baixou e o preço subiu. O que aconteceu agora foi o contrário. Entretanto, além do mercado spot, o preço médio da energia no ambiente de livre contratação é formado a partir de negociações de um ano a três anos. Certamente, como a demanda está aquecida, o preço deve subir ao longo de 2011", analisou Savoia.

Para se ter uma ideia, o megawatt/hora do PLD é comercializado hoje no mercado spot por aproximadamente R$ 15, cerca de 86% a menos do que o valor médio registrado em setembro de 2008 (R$ 110), quando explodiu a crise financeira internacional. Em dezembro daquele ano, o preço caiu para R$ 95, em média, e em dezembro de 2009 ele despencou, chegando a R$ 16,31, em média, de acordo com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Equilíbrio - Para o analista da Andrade & Canellas, o preço está condicionado ao equilíbrio entre oferta e demanda, que, considerando o aquecimento do consumo principalmente do segmento industrial, deve ser pressionado. "Apesar de as condições hidrográficas, considerando o volume de chuvas no começo deste verão, serem favoráveis, a tendência do preço no ambiente livre para este ano é de alta", destacou.

O consultor em energia, Ricardo Lima, também atribui a queda do PLD às abundantes chuvas do começo deste ano. "A retração drástica do preço é apenas reflexo do modelo matemático de composição do PLD, que tem o nível dos reservatórios como um dos determinantes", disse.

Lima considera que a tendência do preço do insumo no ambiente de livre negociação é de alta para este exercício em função do aumento da procura e da baixa disponibilidade de energia no ambiente de livre contratação. "A capacidade instalada de geração de energia no país é superior à demanda. A dificuldade é que parte da energia de sobra é considerada ’de reserva’ e não pode ser comercializada livremente. O resultado disso é que a oferta no ambiente de contratação bilateral é baixa e isto pressiona os preços", explicou. (Diário do Comércio)

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