Brasília - Manter a matriz energética brasileira limpa vai exigir investimentos e integração entre as áreas de energia e meio ambiente. A avaliação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e consta no estudo Energia e Meio Ambiente no Brasil.
O estudo considera o componente ambiental da matriz brasileira como uma vantagem comparativa, com benefícios e responsabilidades que devem ser compartilhadas pelo governo e pelo setor privado. “Muito mais que sacrifício para a economia nacional, a sustentabilidade ambiental deve ser vista como uma oportunidade para o desenvolvimento socioeconômico.”
Apesar do potencial de matriz limpa, com base em dados do Ministério de Minas e Energia, o Ipea prevê um ligeiro aumento da participação de fontes de energia não renováveis na matriz brasileira. A principal vilã será a geração em usinas termelétricas, movidas, na maioria, a carvão, óleo e diesel. “As usinas térmicas derivadas de combustíveis fósseis passarão de 17,7 para 23,1% [da matriz].”
Ganhos de eficiência energética nas térmicas poderiam diminuir os impactos negativos desse tipo de geração na produção nacional de energia. O Ipea sugere melhoria na eficiência de máquinas como geradores e turbinas, uso de novas tecnologias, instalação de filtros mais eficientes e reaproveitamento de resíduos produzidos pelas usinas. A sobretaxação da energia produzida pelas termelétricas também poderia desestimular a utilização dessa fonte.
Segundo o Ipea, o país poderá ter ganhos de sustentabilidade na área energética com o aumento da produção de biocombustíveis – desde que haja melhorias nas etapas de produção – na expansão de projetos de energia eólica e solar e no aproveitamento de energia derivada de resíduos.
“O uso de resíduos sólidos e efluentes para fins energéticos pode ser um importante fator na solução de problemas ambientais causados por resíduos – como poluição do solo, das águas e emissão de gases de efeito estufa – com custos que podem vir a ser negativos”, sugere o relatório.
O diagnóstico do Ipea aponta ainda a necessidade de vincular a previsão de recursos para a geração de energia com a gestão ambiental das fontes, atualmente desconsiderada nos documentos de planejamento energético. O estudo também propõe o aumento do financiamento para pesquisa em energia e meio ambiente, a partir de recursos cobrados de produtores de energia de fontes fósseis. (Agência Brasil)
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