Conduzir energia em cabos especiais, refrigerados a -200º C à base de nitrogênio líquido, sem dúvida chamará a atenção, sobretudo pela economia que poderá trazer.
Independentemente dessa perspectiva se concretizar ou não nesse horizonte de tempo, a iniciativa principal para que isso possa acontecer já foi tomada pela Aneel. Depois de uma tentativa sem êxito, em 2008, a agência conseguiu adesões, em nova chamada, para desenvolver um novo projeto estratégico. A proposta é desenvolver aplicações de novas tecnologias em sistemas de transmissão, visando maior capacidade de transporte, confiabilidade e eficiência.
Cemig, CTEEP e Eletrobras Eletronorte toparam o desafio e terão um ano, contado a partir da data de início do projeto cadastrada no Sistema de Gestão de P&D da Aneel, para apresentarem resultados. “O assunto é de grande interesse para as empresas, porque pode representar a transmissão com perdas basicamente nulas. Hoje o índice chega a 12%, com prejuízos elevados”, entusiasma-se o superintendente de Tecnologias e Alternativas Energéticas da Cemig, Alexandre Bueno.
Ante os altos custos envolvidos em empreitada desse vulto, Bueno elogia a proposta da agência que permite a associação entre concessionárias, universidades e empresas fornecedoras.
Cepel na frente
Nessa corrida o Cepel, da Eletrobras, já leva larga vantagem. Talvez seja o único do Brasil a manter seu Laboratório de Supercondutividade (LAS) dedicado a aplicações práticas dessa tecnologia em sistemas elétricos de potência.
O LAS foi criado em meados da década de 1990 justamente para suprir lacuna em um segmento em que a maioria das instituições se concentra em pesquisa pura. Em Adrianópolis (RJ) fica o local dos ensaios. Ali se desenvolve um trabalho em torno de um protótipo de limitador de corrente de curto-circuito. A ideia é utilizar o equipamento em instalações de distribuição.
“O aumento da geração e de interconexões na rede tem elevado as correntes de curto-circuito a níveis que podem causar sérios danos e até mesmo blecautes. Limitadores à base de supercondutores representam uma solução promissora para esse problema”, garante Alexander Polasek, pesquisador do LAS. Segundo ele, recentes avanços que permitem o uso de nitrogênio em vez de hélio – muito mais caro por ser de difícil obtenção – tornaram possíveis aplicações no setor elétrico. No caso dos cabos, explica, é possível transportar de três a nove vezes mais energia com peso bem menor, utilizando, ou até dispensando, equipamentos de transformação menos potentes.
Sob medida
Mesmo com vários sistemas de supercondutividade já implantados mundo afora, não há equipamentos de prateleira à venda. Tudo é feito sob medida e de acordo com as necessidades do cliente. As experiências em geral acontecem em grandes metrópoles, ou seja, onde o adensamento urbano é tal que torna proibitivo o investimento em grandes instalações elétricas.
Nessas circunstâncias fazem todo o sentido iniciativas como a da Long Island Power Authority (LIPA), de Nova Iorque. A empresa entendeu que seria mais racional investir em alta tecnologia do que gerar grandes transtornos a partir de uma intervenção urbana. Uniu-se à Nexans, à American Superconductor Corporation e Air Liquide para desenvolver e instalar um cabo supercondutor com tensão de 138 kV e cerca de 800 m de comprimento que interligue suas unidades. (Brasil Energia)
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