O economista Ronald Thadeu Ravedutti acumula 39 anos de trabalho na Companhia Paranaense de Energia (Copel), mas sabe que tem pouco tempo para realizar os planos que começou a colocar em prática desde que assumiu a presidência da empresa, em abril. Desde então, a estatal arrematou a concessão de uma linha de transmissão e uma subestação no interior de São Paulo, que têm investimentos estimados em R$ 270 milhões, ganhou leilão para construção da usina Colíder, no Mato Grosso, que terá potência de 300 megawatts (MW) e deve custar R$ 1,3 bilhão, e está de olho em novas oportunidades na área de energia. Ravedutti sabe que o cargo deve ser passageiro, provavelmente até a troca de governo, na virada do ano, por isso tem pressa em mostrar que a Copel mudou sob seu comando. "Neste curto espaço de tempo você pode esperar muito mais."
O executivo diz que a Copel encolheu sua importância na geração nos últimos anos: representava 5,6% da energia nacional em 1999 e, agora, está com 4,3%. Para recuperar espaço, Ravedutti conta que está de olho nos leilões que deverão ser realizados nos próximos meses no Mato Grosso, na bacia do rio Tapajós - as usinas Teles Pires, com 1.820 MW; São Manoel, com 746 MW; e Sinop, com 461 MW, além de outra prevista na foz do rio Apiacás, com 275 MW. "Mesmo se ganharmos todos eles, em 2015 nossa participação será equivalente à que já tivemos no passado", explica, acrescentando que o custo para isso será de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões. E deixando claro que os investimentos no Estado apenas começaram.
Os recursos para as novas empreitadas, segundo ele, poderão sair do caixa, de cerca de R$ 1,6 bilhão, e de financiamentos. O economista opina que a atuação da empresa ficou limitada com a busca por empreendimentos apenas no Paraná ou Estados vizinhos e a exigência legal de que ela seja majoritária. "O rendimento financeiro é baixo." Ele espera que a companhia seja autorizada e entrar em parcerias também como minoritária. Para os projetos em análise no Mato Grosso, por exemplo, estão sendo avaliadas diversas possibilidades de associação. Ravedutti defende que não se deve pegar um mau exemplo do passado, em que a empresa foi minoritária, e acreditar que isso vai se repetir.
"Com contrato de gestão compartilhada e o interesse dos minoritários preservado, é possível ter flexibilidade e reduzir custos", diz. O executivo, que controlava a área de distribuição, conta que teria tentado entrar inclusive na disputa de Belo Monte como minoritário. "A responsabilidade de um administrador público não é só pelo que ele fez, mas também pelo que deixou de fazer", afirma. Na opinião do economista, "se você quiser crescer, algum risco vai ter de correr". Para ele, crescer "é questão de sobrevivência", para aumentar as receitas. Sobre comentários de que a proposta da Copel para a usina de Colíder foi ousada, há resposta pronta: "quanto vale botar o pé onde vai ser o local com potencial hidrelétrico dos mais importantes daqui para a frente?" Com a Colíder, a Copel terá receitas de R$ 5 bilhões em 30 anos, diz.
Desde que assumiu o cargo, Ravedutti, que tem 59 anos, é ex-jogador de futebol e membro de banda que toca em baile beneficente ao menos uma vez por ano (como baterista e percussionista), trabalha em média 12 horas por dia. Em junho, assinou protocolo de intenção para a construção de alcoolduto que ligará Maringá, no Noroeste, a Paranaguá, no litoral, e que terá a Copel como controladora. Os investimentos são estimados em R$ 1 bilhão e a obra deve começar em 2010. Já os investimentos a serem feitos em energia até a Copa do Mundo em Curitiba e região somarão R$ 350 milhões. E negócios em biomassa e pequenas centrais hidrelétricas estão sendo estudados.
A empresa vai também intensificar a atuação em banda larga para a população de baixa renda e vai instalar, em setembro, os primeiros cinco eletropostos no Paraná, de olho na chegada dos veículos elétricos. "Vamos a uma nova vida, com novos horizontes", diz o executivo. Para ter dinheiro para tanto, a Copel deixou de praticar os descontos que vinham sendo oferecidos nos últimos anos, a pedido do ex-governador Roberto Requião (PMDB), para os consumidores que pagavam a conta em dia. Com a medida, o aumento médio na tarifa a partir de julho foi de 14%. "Observamos que o desconto não proporcionava benefício social e a maioria das pessoas estava aquecendo piscina ou usando sauna", diz ele, amigo do atual governador, Orlando Pessuti (PMDB).
A Copel encerrou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 135,6 milhões, 53,2% inferior aos R$ 289,9 milhões obtidos em igual período do ano passado. Sua receita líquida cresceu 6%, para R$ 1,438 bilhão entre abril e junho, mas os custos e despesas operacionais saltaram 33,4% no trimestre, para R$ 1,308 bilhão. (Valor Econômico)
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Os recursos para as novas empreitadas, segundo ele, poderão sair do caixa, de cerca de R$ 1,6 bilhão, e de financiamentos. O economista opina que a atuação da empresa ficou limitada com a busca por empreendimentos apenas no Paraná ou Estados vizinhos e a exigência legal de que ela seja majoritária. "O rendimento financeiro é baixo." Ele espera que a companhia seja autorizada e entrar em parcerias também como minoritária. Para os projetos em análise no Mato Grosso, por exemplo, estão sendo avaliadas diversas possibilidades de associação. Ravedutti defende que não se deve pegar um mau exemplo do passado, em que a empresa foi minoritária, e acreditar que isso vai se repetir.
"Com contrato de gestão compartilhada e o interesse dos minoritários preservado, é possível ter flexibilidade e reduzir custos", diz. O executivo, que controlava a área de distribuição, conta que teria tentado entrar inclusive na disputa de Belo Monte como minoritário. "A responsabilidade de um administrador público não é só pelo que ele fez, mas também pelo que deixou de fazer", afirma. Na opinião do economista, "se você quiser crescer, algum risco vai ter de correr". Para ele, crescer "é questão de sobrevivência", para aumentar as receitas. Sobre comentários de que a proposta da Copel para a usina de Colíder foi ousada, há resposta pronta: "quanto vale botar o pé onde vai ser o local com potencial hidrelétrico dos mais importantes daqui para a frente?" Com a Colíder, a Copel terá receitas de R$ 5 bilhões em 30 anos, diz.
Desde que assumiu o cargo, Ravedutti, que tem 59 anos, é ex-jogador de futebol e membro de banda que toca em baile beneficente ao menos uma vez por ano (como baterista e percussionista), trabalha em média 12 horas por dia. Em junho, assinou protocolo de intenção para a construção de alcoolduto que ligará Maringá, no Noroeste, a Paranaguá, no litoral, e que terá a Copel como controladora. Os investimentos são estimados em R$ 1 bilhão e a obra deve começar em 2010. Já os investimentos a serem feitos em energia até a Copa do Mundo em Curitiba e região somarão R$ 350 milhões. E negócios em biomassa e pequenas centrais hidrelétricas estão sendo estudados.
A empresa vai também intensificar a atuação em banda larga para a população de baixa renda e vai instalar, em setembro, os primeiros cinco eletropostos no Paraná, de olho na chegada dos veículos elétricos. "Vamos a uma nova vida, com novos horizontes", diz o executivo. Para ter dinheiro para tanto, a Copel deixou de praticar os descontos que vinham sendo oferecidos nos últimos anos, a pedido do ex-governador Roberto Requião (PMDB), para os consumidores que pagavam a conta em dia. Com a medida, o aumento médio na tarifa a partir de julho foi de 14%. "Observamos que o desconto não proporcionava benefício social e a maioria das pessoas estava aquecendo piscina ou usando sauna", diz ele, amigo do atual governador, Orlando Pessuti (PMDB).
A Copel encerrou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 135,6 milhões, 53,2% inferior aos R$ 289,9 milhões obtidos em igual período do ano passado. Sua receita líquida cresceu 6%, para R$ 1,438 bilhão entre abril e junho, mas os custos e despesas operacionais saltaram 33,4% no trimestre, para R$ 1,308 bilhão. (Valor Econômico)
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