segunda-feira, 26 de julho de 2010

O Modelo Espanhol para as Energias Renováveis

Na Espanha, que tem sempre sido citada como o exemplo de país que investiu em energias renováveis, a atual crise econômica eliminou alguns mitos. Documento interno da Administração espanhola reconhece que o preço da eletricidade disparou, assim como a dívida, pelo elevado custo da energia solar e eólica. As cifras do Governo indicam que cada emprego verde criado custou mais de 2,2 empregos tradicionais. O aumento da conta de energia elétrica se deve principalmente ao custo das energias renováveis. De fato, o crescimento do custo adicional desta indústria explica os mais de 120% da variação na conta, e impediu que a redução nos custos de produção da eletricidade convencional fosse repassada ao consumidor.

O desenvolvimento das energias renováveis teve um impacto positivo na redução das emissões, porém o seu crescimento foi demasiado rápido, pouco fundamentado, o que implicou em enormes subsídios.

Entre 2004 e 2010, a quantidade de subsídios multiplicou-se por cinco, reconhece texto do Ministério espanhol. As cifras a longo prazo assustam ainda mais. Segundo o próprio Governo, nos próximos 25 anos, o setor das energias alternativas receberá 126 bilhões de euros.
Só um exemplo. Os proprietários de plantas solares fotovoltaicas ganham 12 vezes mais do que se paga pela energia proveniente de combustíveis fósseis.

A conclusão é que, com a economia em crise, não se pode seguir injetando essa quantidade de subsídios no setor de energia.

● 120%. É o que representam as renováveis na variação da conta de energia elétrica. O governo espanhol afirma que o incremento de preço da energia não pode ser atribuído à flutuação do mercado, mas somente ao custo adicional da energia solar e eólica.

● 126 bilhões de euros. É o que o setor das energias limpas receberá nos próximos 25 anos, mas não está muito claro de onde vai sair esse dinheiro. Em 2009, foram 5,045 bilhões.

● 53%. É a porcentagem que representa a energia solar fotovoltaica no custo das energias renováveis, muito embora aporte só 11% da energia produzida por essas fontes. Autor: Adriano Pires (O Globo)