A recente corrida pela contratação de energia no mercado livre, que se deu em razão da queda dos valores no curto prazo, começa a influenciar os preços para os grandes consumidores do insumo. A tendência é de que os valores mantenham a curva ascendente no segundo semestre deste ano. Há dois meses, quando o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) estava no patamar mínimo, era possível contratar energia por R$ 60 a R$ 70 por megawatt-hora (MWh). Já para 2011 os valores para os novos contratos não ficam abaixo de R$ 115 MWh.
Esse movimento é esperado pelas comercializadoras de energia, que apontam a retomada da economia como o principal fator da recuperação de preços, que, apesar de ascendentes, ainda estão em um patamar inferior ao da crise e que por isso deverão seguir influenciando empresas a migrarem para o ambiente livre de contratação. De acordo com o presidente da Comerc Energia, Cristopher Vlavianos, antes da crise os novos contratos eram negociados a cerca de R$ 140 por megawatt-hora para um período de cinco anos, e essa diferença dos preços da energia ainda é atrativa.
Vlavianos classificou o período do final de 2009 a maio de 2010 de uma janela de oportunidade para essa contratação a preço mais baixo. Segundo o executivo, somente neste período a empresa elevou em 20% o volume de energia contratado, o que agregou 300 megawatts (MW) médios à carteira de 1,5 mil MW médios existentes anteriormente.
"Não dava para migrar ao preço do período pré-crise, hoje o mercado livre sofreu uma mudança, pois com a crise caiu a demanda e o preço ajustou-se a esse fator", explicou ele. "Dessa forma, voltou a ser vantajoso fazer a migração do mercado cativo para o livre", afirmou ele.
Essa vantagem para o consumidor cativo que muda para o ambiente livre está em cerca de 10% a 15%, em média. Essa é a estimativa da Delta Energia, que também sentiu a recuperação do mercado. Segundo o diretor Mateus Aranha, a companhia fechou novos contratos de migração, movimento que, segundo ele, deverá ser mantido até o final do ano, mas em ritmo menor. "Ainda vemos novas migrações, mas com a subida do PLD algumas decisões nesse sentido são desencorajadas, ainda mais com uma perspectiva de manutenção do aumento dos preços", comentou.
Segundo a Enecel Energia, de Belo Horizonte, Para os contratos de energia convencional de médio e longo prazo, os preços registrados seriam mais elevados. Até 2013, o valor cobrado está em cerca de R$ 125 por MWh e, após esse período, passaria para R$ 140 por MWh. Para os contratos com energia incentivada - pequena central hidroelétrica, biomassa, solar ou eólica - os valores variam entre R$ 160 MWh e R$ 170 MWh.
Consumo industrial
Essa elevação de preços, segundo os agentes, é um reflexo natural do aumento da demanda por energia no País. Ontem a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) divulgou que o consumo de energia no primeiro semestre do ano aumentou 10%. Esse crescimento foi liderado pelo setor industrial, que registrou alta de 13,8% em comparação ao mesmo período de 2009, passando de 78,7 mil gigawatts-hora (GWh) para mil 89,6 GWh. Em relação ao mês de junho o índice foi mais elevado, 15,1% a mais que em 2009 quando houve consumo de 15,65 mil GWh.
Segundo a EPE, o consumo total nos primeiros seis meses foi de 207,6 mil GWh, sendo que o segmento residencial (53,8 mil GWh) teve alta de 8,1%, o comercial (35 mil GWh) subiu 7,7% e a categoria outros (29,2 mil GWh) avançou 4,8%. Durante a crise o setor residencial havia apresentado a maior alta de consumo.
Outro motivo que deverá elevar o preço da energia para novos contratos no mercado livre, além da alta da demanda, é a baixa dos reservatórios, o que deverá levar o Operador Nacional do Sistema (ONS) a autorizar o despacho de usinas termoelétricas.
Assim como a recuperação dos preços da energia, o presidente da Enecel, Raimundo Batista, ressalta que esse crescimento da demanda na verdade é um retorno do mercado ao pré-crise e não um crescimento orgânico. "A base de comparação é muito baixa, agora é que a economia começa a voltar aos patamares que víamos em 2008", destacou ele.
Em sua avaliação, houve uma quebra do consumo de energia, o que favoreceu os clientes que estavam descontratados e que precisavam de energia. "Esses encontraram um céu de brigadeiro", definiu o executivo. "Havia energia sobrando, os reservatórios estavam cheios, tanto que começaram a verter, e, o somatório dessa situação derrubou os preços."
Esse cenário, porém, já não se mostra tão promissor: os contratos para os próximos anos já começam a ter o preço elevado apesar de a queda recente ter "puxado" para baixo também os valores de longo prazo. Batista também cita o problema do prazo de vencimento das concessões que começam a partir de 2013 e têm seu pico em 2015. Para ele, o governo pode deixar o preço do mercado livre regredir para dois dígitos: basta uma assinatura.Autor: Maurício Godoi (DCI)
Esse movimento é esperado pelas comercializadoras de energia, que apontam a retomada da economia como o principal fator da recuperação de preços, que, apesar de ascendentes, ainda estão em um patamar inferior ao da crise e que por isso deverão seguir influenciando empresas a migrarem para o ambiente livre de contratação. De acordo com o presidente da Comerc Energia, Cristopher Vlavianos, antes da crise os novos contratos eram negociados a cerca de R$ 140 por megawatt-hora para um período de cinco anos, e essa diferença dos preços da energia ainda é atrativa.
Vlavianos classificou o período do final de 2009 a maio de 2010 de uma janela de oportunidade para essa contratação a preço mais baixo. Segundo o executivo, somente neste período a empresa elevou em 20% o volume de energia contratado, o que agregou 300 megawatts (MW) médios à carteira de 1,5 mil MW médios existentes anteriormente.
"Não dava para migrar ao preço do período pré-crise, hoje o mercado livre sofreu uma mudança, pois com a crise caiu a demanda e o preço ajustou-se a esse fator", explicou ele. "Dessa forma, voltou a ser vantajoso fazer a migração do mercado cativo para o livre", afirmou ele.
Essa vantagem para o consumidor cativo que muda para o ambiente livre está em cerca de 10% a 15%, em média. Essa é a estimativa da Delta Energia, que também sentiu a recuperação do mercado. Segundo o diretor Mateus Aranha, a companhia fechou novos contratos de migração, movimento que, segundo ele, deverá ser mantido até o final do ano, mas em ritmo menor. "Ainda vemos novas migrações, mas com a subida do PLD algumas decisões nesse sentido são desencorajadas, ainda mais com uma perspectiva de manutenção do aumento dos preços", comentou.
Segundo a Enecel Energia, de Belo Horizonte, Para os contratos de energia convencional de médio e longo prazo, os preços registrados seriam mais elevados. Até 2013, o valor cobrado está em cerca de R$ 125 por MWh e, após esse período, passaria para R$ 140 por MWh. Para os contratos com energia incentivada - pequena central hidroelétrica, biomassa, solar ou eólica - os valores variam entre R$ 160 MWh e R$ 170 MWh.
Consumo industrial
Essa elevação de preços, segundo os agentes, é um reflexo natural do aumento da demanda por energia no País. Ontem a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) divulgou que o consumo de energia no primeiro semestre do ano aumentou 10%. Esse crescimento foi liderado pelo setor industrial, que registrou alta de 13,8% em comparação ao mesmo período de 2009, passando de 78,7 mil gigawatts-hora (GWh) para mil 89,6 GWh. Em relação ao mês de junho o índice foi mais elevado, 15,1% a mais que em 2009 quando houve consumo de 15,65 mil GWh.
Segundo a EPE, o consumo total nos primeiros seis meses foi de 207,6 mil GWh, sendo que o segmento residencial (53,8 mil GWh) teve alta de 8,1%, o comercial (35 mil GWh) subiu 7,7% e a categoria outros (29,2 mil GWh) avançou 4,8%. Durante a crise o setor residencial havia apresentado a maior alta de consumo.
Outro motivo que deverá elevar o preço da energia para novos contratos no mercado livre, além da alta da demanda, é a baixa dos reservatórios, o que deverá levar o Operador Nacional do Sistema (ONS) a autorizar o despacho de usinas termoelétricas.
Assim como a recuperação dos preços da energia, o presidente da Enecel, Raimundo Batista, ressalta que esse crescimento da demanda na verdade é um retorno do mercado ao pré-crise e não um crescimento orgânico. "A base de comparação é muito baixa, agora é que a economia começa a voltar aos patamares que víamos em 2008", destacou ele.
Em sua avaliação, houve uma quebra do consumo de energia, o que favoreceu os clientes que estavam descontratados e que precisavam de energia. "Esses encontraram um céu de brigadeiro", definiu o executivo. "Havia energia sobrando, os reservatórios estavam cheios, tanto que começaram a verter, e, o somatório dessa situação derrubou os preços."
Esse cenário, porém, já não se mostra tão promissor: os contratos para os próximos anos já começam a ter o preço elevado apesar de a queda recente ter "puxado" para baixo também os valores de longo prazo. Batista também cita o problema do prazo de vencimento das concessões que começam a partir de 2013 e têm seu pico em 2015. Para ele, o governo pode deixar o preço do mercado livre regredir para dois dígitos: basta uma assinatura.Autor: Maurício Godoi (DCI)