quinta-feira, 22 de abril de 2010

Preço de MW é fator de insegurança

A vitória do consórcio Norte Energia - formado por nove empresas lideradas pela construtora Queiroz Galvão e metade da participação nas mãos da estatal Chesf - no leilão da usina hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu (PA), ainda deixa dúvidas no mercado de energia.

Especialistas do setor reagiram com estranheza à divulgação do resultado, terça-feira na sede da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O peso do governo federal no grupo construtor, representado pela subsidiária da Eletrobras, e o preço vitorioso de R$ 77,97 por megawatt-hora (MWh) alimentam especulações sobre a capacidade do grupo mais pulverizado e menos favorito na disputa em tocar o projeto de R$ 19 bilhões com a meta de tarifas baratas.

"O resultado foi bom para o mercado cativo, com o preço obtido. A dúvida está se ele sustenta o projeto e como vai se comportar o mercado livre", alerta Ricardo Lima, presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace). O deságio de 6,02% e, relação ao teto de R$ 83 por WWh fixado pela Comissão Especial de Licitação da Aneel, teria sido bem maior que o pretendido pelo consórcio rival.

Batido o martelo para Belo Monte, o contrato de 30 anos tem poucas chances de ser revisado.

Paulo Pedrosa, presidente da Associação Brasileira dos Agentes Comercializadores de Energia (Abraceel), lembra que p preço para o consumidor tem sinalização diferente, se considerar a necessidade de transporte da energia vinda do norte."Um mercado mais aberto teria mais benefícios para o bolso e a natureza", comenta. O Consórcio vencedor é formado por Chesf (49,98%), Queiroz Galvão (10,02%) e outras sete empresas. Mas até a maior empresa pirvada da lista, a Queiroz, dá sinais de que pode até desistir de participar.

Segundo o consórcio, a construtora pede "tempo para pensar”, assustada com o preço vitorioso. O grupo foi chamado ironicamente de "pequenas empresas, grandes negócios". O representante do consórcio, José Ailton de Lima, diretor de engenharia da Chesf, descartou o risco de novas reviravoltas no resultado do leilão, depois o processo ter sido interrompido por três liminares. O ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmerman, acha que o preço vencedor é "plenamente compatível" com as metas. (Brasil Econômico)
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