A State Grid Brazil Holding, controlada pela gigante estatal de transmissão chinesa, decidiu "reavaliar" sua intenção de adquirir a participação da Iberdrola na holding Neoenergia. Segundo informou ontem a companhia por meio de uma nota, a decisão foi tomada junto com a matriz na China e "não representa uma mudança nos planos de investimento a longo prazo da empresa no Brasil". A nota continua afirmando que "a State Grid mantém sua atuação como uma empresa brasileira, respeitando a cultura e as leis do país, agindo de forma transparente, flexível e reforçando seu compromisso de trabalhar em parceria com outras empresas e com o governo".
A State Grid entrou no Brasil em 2010 investindo R$ 3,1 bilhões ao adquirir sete empresas de distribuição da Plena Transmissoras, que era controlada pelas espanholas Elecnor, Isolux, Cobra e Abengoa. O valor do investimento na época incluía a quitação de dívidas da Plena com o BNDES. Até o momento, o total investido pela chinesa no país é de quase R$ 5 bilhões.
Na avaliação de um analista do setor elétrico ouvido pelo Valor, a decisão dos chineses não significa o fim das tentativas de negociações da Iberdrola para vender sua participação de 39% no capital da Neoenergia, pois outras empresas, como a alemã E.ON estariam interessadas nesse ativo. A própria declaração oficial da State Grid não é categórica no sentido de uma desistência do negócio e nada impede que possa voltar a procurar a Iberdrola nos próximos meses. A companhia espanhola está precisando reforçar o caixa, dada a crise na zona do Euro e a uma dívida equivalente a 4,5 vezes o Ebitda.
Nos cálculos do analista, 100% da Neoenergia valem cerca de R$ 24 bilhões. Para levar 39% da companhia, sem somar o prêmio de controle, o potencial comprador terá de desembolsar no mínimo R$ 9,3 bilhões. Esse valor poderia ter pesado na decisão dos chineses, considerado um pouco salgado, apesar do grupo ser conhecido por ter caixa para seus investimentos.
Talvez o que possa pesar nessa operação é a postura do governo brasileiro, resistente a entregar parte do bloco de controle da Neoenergia a empresas estrangeiras. "A diferença de espanhol para chinês é de seis para meia dúzia", diz um consultor da área elétrica familizarizado com o assunto e que acompanhou os entendimentos da Iberdrola para comprar o controle da Neoenergia, que não se confirmou. O interesse de uma empresa nacional do porte de uma Cemig ou mesmo de uma Copel pode vir a ser a solução para o imbroglio da Iberdrola na Neoenergia.
No entender da fonte, o momento não é dos melhores para o negócio. O cenário do setor elétrico é incerto, já que há um movimento para desindexar o reajuste de tarifas da distribuição. A Neoenergia tem três distribuidoras: Coelba (BA), Cosern (RN) e Celpe (PE). Por outro lado, os sócios da Iberdrola na Neoenergia, a Previ, com 49% e o Banco do Brasil, com 12%, estão em fase de mudanças na cúpula.
Esses fatos podem desvalorizar o negócio da Iberdrola. A expectativa do mercado é de que o presidente da Previ, Ricardo Flores, deixe o cargo esta semana ainda. Até o fim do mês, os diretores de Participação e Investimentos, Marcos Geovanne e Rene Sanda, consecutivamente, também poderão sair, já que o mandato termina e eles foram indicados por Flores. "Num novo ambiente e com novos diretores, na Previ, a maior acionista da Neoenergia, pode haver um clima melhor em relação ao negócio". (Valor Econômico)
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* Dilma quer distribuidora elétrica sob controle nacional
* Distribuidoras de energia pagam R$ 385 mi a consumidores por falhas em 2011
A State Grid entrou no Brasil em 2010 investindo R$ 3,1 bilhões ao adquirir sete empresas de distribuição da Plena Transmissoras, que era controlada pelas espanholas Elecnor, Isolux, Cobra e Abengoa. O valor do investimento na época incluía a quitação de dívidas da Plena com o BNDES. Até o momento, o total investido pela chinesa no país é de quase R$ 5 bilhões.
Na avaliação de um analista do setor elétrico ouvido pelo Valor, a decisão dos chineses não significa o fim das tentativas de negociações da Iberdrola para vender sua participação de 39% no capital da Neoenergia, pois outras empresas, como a alemã E.ON estariam interessadas nesse ativo. A própria declaração oficial da State Grid não é categórica no sentido de uma desistência do negócio e nada impede que possa voltar a procurar a Iberdrola nos próximos meses. A companhia espanhola está precisando reforçar o caixa, dada a crise na zona do Euro e a uma dívida equivalente a 4,5 vezes o Ebitda.
Nos cálculos do analista, 100% da Neoenergia valem cerca de R$ 24 bilhões. Para levar 39% da companhia, sem somar o prêmio de controle, o potencial comprador terá de desembolsar no mínimo R$ 9,3 bilhões. Esse valor poderia ter pesado na decisão dos chineses, considerado um pouco salgado, apesar do grupo ser conhecido por ter caixa para seus investimentos.
Talvez o que possa pesar nessa operação é a postura do governo brasileiro, resistente a entregar parte do bloco de controle da Neoenergia a empresas estrangeiras. "A diferença de espanhol para chinês é de seis para meia dúzia", diz um consultor da área elétrica familizarizado com o assunto e que acompanhou os entendimentos da Iberdrola para comprar o controle da Neoenergia, que não se confirmou. O interesse de uma empresa nacional do porte de uma Cemig ou mesmo de uma Copel pode vir a ser a solução para o imbroglio da Iberdrola na Neoenergia.
No entender da fonte, o momento não é dos melhores para o negócio. O cenário do setor elétrico é incerto, já que há um movimento para desindexar o reajuste de tarifas da distribuição. A Neoenergia tem três distribuidoras: Coelba (BA), Cosern (RN) e Celpe (PE). Por outro lado, os sócios da Iberdrola na Neoenergia, a Previ, com 49% e o Banco do Brasil, com 12%, estão em fase de mudanças na cúpula.
Esses fatos podem desvalorizar o negócio da Iberdrola. A expectativa do mercado é de que o presidente da Previ, Ricardo Flores, deixe o cargo esta semana ainda. Até o fim do mês, os diretores de Participação e Investimentos, Marcos Geovanne e Rene Sanda, consecutivamente, também poderão sair, já que o mandato termina e eles foram indicados por Flores. "Num novo ambiente e com novos diretores, na Previ, a maior acionista da Neoenergia, pode haver um clima melhor em relação ao negócio". (Valor Econômico)
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