segunda-feira, 9 de março de 2015

Realismo tarifário já explica quase metade do índice

A política de realismo tarifário e de fim de subsídios setoriais explica parte expressiva da inflação de 1,22% de fevereiro. Essa alta, que superou as expectativas do mercado, foi puxada pelos preços administrados, e dentro deles, os aumentos da energia elétrica e da gasolina.

Os itens monitorados subiram 2,37% e sozinhos responderam por 47,5% da inflação de fevereiro. No mesmo período do ano passado, eles responderam por 14% de um IPCA de 0,69%. A energia elétrica subiu 3,14% e respondeu por 0,10 ponto da inflação de fevereiro. O peso da gasolina foi maior, com alta de 8,27% e impacto de 0,31 ponto no índice. Ajudaram a completar as pressões o aumento de 2,88% no preço dos automóveis novos, afetados pela recomposição do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), mais 0,09 de impacto na composição do índice do mês. Se for acrescentada a essa conta a influência de etanol e ônibus urbano, o peso desses cinco itens no IPCA de fevereiro já ultrapassa 50%. Parte deles (como ônibus) sempre sobem nessa época.

No conjunto, a política de realismo tarifário começa a pesar mais (pouco, mas mais) no orçamento das famílias de baixa renda, o que pode custar novos pontos na já bastante abalada popularidade da presidente Dilma Rousseff. No primeiro bimestre, a inflação acumulada no INPC (que mede a alta de preços para famílias até cinco salários mínimos) subiu 2,66%, mais do que a inflação de 2,48% acumulada no IPCA, que avalia o comportamento da inflação para famílias com até 40 salários mínimos de renda familiar. Nesse movimento, um dos preços que mais influenciou a inflação das famílias mais pobres foi o item transporte, afetado por gasolina, mas também pelos reajustes de ônibus e metrô, preços cuja política não depende diretamente das decisões do governo federal. O item transporte respondeu por 35% da inflação medida pelo INPC no primeiro bimestre, enquanto habitação explica 23% dela e o grupo alimentação outros 27%. No conjunto, esses três grupos explicam 85% da inflação da baixa renda, enquanto nas famílias de renda média e alta, o peso dos mesmos grupos foi de 75%. (Valor Online)