quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Usinas paralisadas equivalem a 11% da oferta de energia

Usinas com potência equivalente a 11% da capacidade de oferta de energia elétrica do país estão com obras paralisadas ou não iniciadas. Esses projetos, que somam 14.000 MW de potência instalada, representam 35% da capacidade dos empreendimentos de geração licitados e que já deveriam ter entrado em operação ou deveriam fazê-lo nos próximos anos. Os dados constam em relatório divulgado pela Aneel em outubro passado.

A demora na expansão da capacidade de geração e transmissão de energia agrava a crise do setor.

"Como nós trabalhamos no limite da geração, qualquer MW a mais ajudaria, e qualquer MW a menos prejudica", diz Nivalde de Castro, coordenador do grupo de estudos do setor elétrico da UFRJ.

A Aneel ressalta que nem todas as usinas dessa lista estão necessariamente atrasadas. Mas também há grandes projetos fora do prazo, como a hidrelétrica Belo Monte (PA), que não estão na relação porque têm obras em andamento. O potencial de geração com o cronograma comprometido, portanto, pode ser maior do que os 11% da potência instalada brasileira, de 132.000 MW em outubro.

Entre os projetos ainda não iniciados, alguns não têm nem sequer previsão para operar, como a hidrelétrica de Tijuco Alto, na divisa de São Paulo e do Paraná, com 144 MW. Concedida há 26 anos, suas obras ainda não começaram por causa de entraves ambientais.

Casos como o de Tijuco Alto, com questões ambientais ou judiciais pendentes, devem deixar de adicionar quase 5.000 MW ao sistema até 2020, segundo a Aneel --potência equivalente a 3,8% da capacidade instalada atual.

META FRUSTRADA - No ano passado, a meta da Aneel para o aumento da potência instalada foi frustrada. Dos 10.000 MW previstos em janeiro de 2014, só 5.600 MW começaram a operar até 15 de outubro. Naquele mês, data do boletim mais recente, a previsão para o acumulado do ano era de 7.600 MW. Segundo a Aneel, a previsão não se confirmou devido a atrasos de unidades da hidrelétrica de Jirau (RO).

O consórcio Energia Sustentável do Brasil, responsável pelas obras, diz que o atraso foi provocado por "incêndios criminosos ocorridos entre 2011 e 2012" e que, desde novembro de 2014, não se encontra mais em atraso. Entre as fontes de energia, o maior atraso é das usinas eólicas, que têm 6.000 MW de potência instalada em atraso, 63% do total previsto.

TRANSMISSÃO - A morosidade das obras atinge também projetos de linhas de transmissão e subestações de energia. Em outubro, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) apontou 310 projetos necessários para dar segurança ao sistema de distribuição de energia no país. Desses, 34% haviam sido solicitados em anos anteriores, mas não saíram do papel. O mesmo relatório aponta que, dos 45 mil quilômetros de linhas de transmissão com previsão de entrar em operação até 2018, 10,2 mil ainda não têm concessão definida. (Folha de S.Paulo)
Leia também:
Atraso em obras contra apagões chega a 4 anos
Ministro diz que não falta, mas brasil importa energia
Para diretor da Aneel, corte de energia evitou um ‘desastre’
Divergências levam a novo atraso em socorro ao setor elétrico
Ausência de medidas preventivas deixa situação crítica para ano de alta de tarifas