quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Tarifa realista dará base para negociação de empréstimos

O reajuste das contas de luz em 2015, com base na política de "realismo tarifário" defendida pela nova equipe econômica, dará um fôlego maior às distribuidoras de energia para que possam negociar o alongamento do prazo dos empréstimos contraídos juntos aos bancos. É nessa estratégia que o governo está apostando para resolver a situação das empresas, sem ter de recorrer ao Tesouro Nacional. Segundo o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, o Executivo irá intermediar essa negociação comas instituições financeiras.

Já o reajuste médio este ano ficará abaixo de 40%, disse ele, porque será minimizado pela melhora da situação do caixa das distribuidoras, a partir da revisão extraordinária de tarifas. "Este impacto (na tarifa) poderá sofrer uma mudança significativa de uma renegociação por parte das distribuidoras, em função da melhora dos recebíveis e da melhoria da geração de caixa do setor elétrico que, portanto, poderão implicar em uma melhoria do desempenho financeiro dos contratos que eles fizeram no ano passado", disse Braga pela manhã, acrescentando que, "com certeza", o reajuste médio ficará abaixo de 40%,mas sem determinar um percentual exato.

À tarde, antes de reunir-se com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, para discutir as implicações do corte orçamentário na pasta de Minas e Energia, Braga afirmou que, a partir do momento em que as revisões extraordinárias forem determinadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), haverá um redesenho da remuneração do setor elétrico.

"Com isso, as distribuidoras poderão, com ajuda da Fazenda ou sem ajuda da Fazenda, sentar com o setor financeiro, com os bancos que financiaram, porque a qualidade dos recebíveis e uma série de outras coisas poderão permitir a eles uma negociação dos termos daquele financiamento, o que poderá ter impacto positivo na redução da tarifa ordinária (revista no aniversário de cada uma das distribuidoras)",explicou. Os empréstimos contraídos em 2014 são garantidos pelas contas de luz, ou seja, se a tarifa se eleva, também aumenta o lastro desses recebíveis para as instituições financiadoras.

Com essa melhora da situação financeira das distribuidoras, elas teriam mais cacife para negociar com os bancos um alongamento do prazo de pagamento dos empréstimos, que hoje é de dois anos. Braga, ao deixar o Ministério do Planejamento, falou também que espera que o novo regime de bandeiras tarifárias — em que o consumidor sabe, pela conta de luz, se as térmicas estão sendo acionadas e, portanto, se terá de pagar mais pela energia — tenha um efeito positivo de redução do consumo.

"Se pudermos economizar, se pudermos controlar isso, ajuda para que possamos ter eficiência energética", afirmou, esclarecendo que não se trata de fazer racionamento. "Nós temos energia, ela existe, mas é cara", acrescentou. (Brasil Econômico)
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