segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Pouca oferta em leilão de energia para 2015

As distribuidoras de energia permanecem descontratadas para o primeiro semestre do ano que vem, mesmo após o leilão A-1, de energia já existente, realizado na última sexta-feira. O volume de 622 megawatts (MW) médios de energia contratado por 33 empresas é bem inferior à necessidade para 2015. Os contratos foram fechados a um preço médio de R$ 197,09 por megawatt-hora (MWh), praticamente sem deságio frente aos preços máximos permitidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Somente Furnas, da Eletrobras, e Petrobras, ofertaram energia, o que demonstra que o retorno previsto com os contratos não atraiu o interesse das demais geradoras. "Tivemos uma oferta pequena de energia, que não atende à demanda das distribuidoras para 2015.

O leilão manteve uma tendência de participação apenas das estatais nas ofertas, sem que tivesse havido interesse das empresas privadas", afirmou o presidente da Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Alexei Vivan. "O principal problema foi o preço, mas, como se trata de um leilão para entrega imediata de energia, esse também é um sinal de que possa estar havendo baixa disponibilidade pelas geradoras", acrescentou. Com baixa oferta e um preço pouco atraente, as empresas teriam preferido continuar a vender energia no mercado livre, em que os preços ainda são bem mais altos. "Os leilões A-1, como tratam de energia já existente, são bom parâmetro para saber se o preço fixado pelo governo está em linha com a expectativa do mercado.

O resultado do certame indica que a maioria das empresas prefere negociar no curtíssimo prazo", analisou a sócia da área de energia da Veirano Advogados, Roberta Bassegio. Além disso, segundo ela, há uma diferença grande entre a situação entre oferta e demanda no primeiro semestre de 2015 em comparação com o segundo. "A necessidade de carga das distribuidoras para o ano que vem é muito particular. Há uma necessidade de contratos no primeiro semestre, mas, a partir da metade do ano, com a renovação das concessões, haverá energia disponível por R$ 30", afirmou Roberta, referindo-se aos cerca de 4,2 mil MW médios de energia das cotas das concessões de geração que vencerão.

Por essa razão, mesmo o leilão A-1 não tendo atendido à demanda das distribuidoras, o diretor de regulação da Thymos Energia, Ricardo Savoia, acha que contribuiu para minorar os problemas de contratação das distribuidoras para 2015. "Nós estimamos em 2,7 gigawatts (GW) de energia a necessidade das distribuidoras para o ano que vem. Como um pouco mais de 0,6 GW já foi atendido no leilão A-1, restaram cerca de 2 GW para contratação em 2015. Mas a maior parte dessa necessidade ocorre no segundo semestre, quando serão distribuídas as cotas de energia das concessões que vencem", ponderou.

Com isso, diz Savoia, diminui a pressão sobre as distribuidoras por contratações no leilão de ajuste — para contratos curtos, de 3 a 6 meses, por exemplo — programado para o início do ano. "O resultado do leilão não atendeu a demanda máxima", admitiu o superintendente de Estudos de Mercado da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Frederico Rodrigues, após o evento, realizado em São Paulo. Apesar da pouca oferta, o assessor do Ministério de Minas e Energia, Igor Alexandre Walter, disse que a descontratação das companhias no segundo semestre de 2015 está praticamente equacionada. O presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Luiz Eduardo Barata, confirmou que "é praticamente certo que teremos leilões de ajuste no primeiro semestre"

PLD : Sem chuva, preço de energia aumenta
O preço de energia de curto prazo para esta semana, dado pelo Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), subiu para acima dos R$ 670 por megawatt-hora (MWh) em todas as regiões do país, diante da previsão de menos chuvas. O PLD nas cargas pesada e média passou a R$ 677,68 por MWh ante R$ 549,18 por MWh na semana passada.Já na carga leve, o PLD subiu para R$ 673,67 ante R$ 547,99. (Brasil Econômico)
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