segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Matriz brasileira caminha para perfil termo-hídrico

Crescimento acelerado da geração eólica, maior volatilidade da oferta e necessidade de segurança no fornecimento farão com que a matriz elétrica brasileira migre para um perfil não mais hidrotérmico, como se supunha a princípio, mas para um modelo termo-hídrico, definiu hoje o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp.

A cobrança da sociedade por predominância de energia renovável, segundo ele, faz sentido em países menores e que já tem sua economia estabilizada. No caso do Brasil, cujos reservatórios passaram a esvaziar-se mais rapidamente, e com uma economia que ainda tende a crescer em futuro próximo, as usinas termelétricas precisam operar na base.

Do contrário, o custo para manter o sistema atual vai acabar ficando mais caro, segundo ele. “O MME e a Aneel vão ter que mergulhar em mecanismos para administrar isso. Preferencialmente com decisões e medidas estruturais e não somente por ações conjunturais. Quando se muda algo no meio do caminho é complicado”.

Chipp defendeu um trabalho mais firme de comunicação para que a sociedade tome conhecimento da complexidade do sistema elétrico e também contribua e participe da busca de soluções. Ao mesmo tempo em que há uma pressão por uma matriz mais limpa, diz, exige-se também qualidade e segurança no fornecimento, mas há resistência em aceitar tarifas mais altas. “A equação não fecha”, resumiu.

Questionado sobre a operação continuada das usinas térmicas a óleo que hoje dão suporte fundamental ao atendimento da demanda, ele afirmou que não há risco de problemas mais sérios de desgaste, porque os mesmos equipamentos que operam no Brasil também funcionam sem notícia de problemas em outros países onde as usinas atuam na base.

Chipp voltou a defender a realização de leilões por produto e incentivos para a difusão da geração distribuída como forma de mitigar custos de transmissão, entre outros benefícios. Informou que iria hoje à sede da Cogen, em São Paulo, justamente para falar sobre o assunto aos associados da entidade. (Brasil Energia)
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