quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Aneel quer conter valor da energia sem afastar investidor

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) propôs ontem o corte pela metade do valor máximo da energia negociada no mercado de curto prazo (spot) a partir de 2015. A iniciativa tende a conter a explosão de gasto com energia em momentos de falta de chuva nos reservatórios das principais hidrelétricas, como vem ocorrendo nos últimos dois anos.

Hoje, o valor do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) está em R$ 822,83 por megawatt-hora (MWh). A agência propôs corte para R$ 388,04 por MWh, o que representa redução de 52%.

Desde o ano passado, as distribuidoras foram submetidas a gastos bilionários ao recorrerem à compra à vista de energia. Tal situação demandou o uso de recursos do Tesouro Nacional e mecanismos de financiamento para conter a alta das tarifas e a pressão sobre o caixa das distribuidoras.

A previsão de corte no preço máximo do PLD neste momento deve, ao menos, contribuir para o sucesso do Leilão A-1, marcado para o dia 5 de dezembro. O certame será realizado para cobrir o déficit de contratação de energia das distribuidoras em 2015. Ontem, a diretoria da agência também aprovou a abertura de audiência pública para receber contribuições sobre o edital.

O favorecimento à contratação de energia no Leilão A-1 se dá com a perspectiva das geradoras de obter contratos de três ou cinco anos com as distribuidoras, em vez de contar com lucro menor no mercado à vista diante da redução dos valores máximos da energia no segmento. “Dependendo do teto do PLD pode ter mais ou menos interesse [das geradoras] em jogar com a questão na liquidação no mercado de curto prazo”, diz Romeu Rufino, diretor-geral da Aneel.

O diretor da autarquia Tiago Correia afirmou ontem que a definição de novos limites mínimo e máximo do PLD manterá os atuais níveis de atração de investimento ao setor elétrico. “Essa é uma solução que não altera o interesse, porque continuará sendo dado o mesmo sinal ao mercado. Acho até que vai ajudar, porque o mínimo, que tem mais peso que o valor máximo, praticamente não vai subir”, disse Correia. O órgão prevê o aumento do piso do PLD de R$ 15,62 por MWh para 30,26 por MWh.

Segundo a Aneel, o limite máximo do PLD foi alcançado apenas durante duas semanas entre 2003 e 2013. No ano de 2014, no entanto, o limite foi atingido em praticamente todas as semanas de fevereiro a maio. Caiu levemente em junho e vem subindo desde então, tendo ficado próximo a R$ 822,83 novamente em setembro. (Valor Econômico)
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