sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Despesa das geradoras com GSF soma R$ 13 bilhões até agosto, segundo CCEE

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica calcula que, até agosto, as despesas dos geradores hidrelétricos com GSF deverá somar R$ 13 bilhões. De acordo com a CCEE, R$ 9 bilhões já foram pagos nas liquidações referentes até o mês de julho. Para a liquidação de agosto, que ocorrerá em 10 de outubro, a expectativa é que o montante a ser pago pelos geradores alcance R$ 4 bilhões. O fator de ajuste acumulado de janeiro a agosto, ainda segundo a CCEE, é de 92,47%, ou seja 7,53% abaixo da garantia física das usinas.

A comercializadora Comerc também calculou qual deverá ser o déficit das geradoras desde o início do ano até setembro. Os números alcançam R$ 16,1 bilhões. De acordo com a Comerc, no primeiro semestre do ano a conta já somava R$ 6,5 bilhões e, somente no terceiro trimestre do ano, deve totalizar R$ 9,6 bilhões. Os geradores hidrelétricos vêem os números com preocupação. "Semana que vem teremos uma reunião e estamos querendo fechar uma proposta para mitigar essa questão e levar para o governo", declarou Luiz Fernando Vianna, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia.

Ele explicou que a proposta poderá ser levada somente à Agência Nacional de Energia Elétrica, se o impacto for apenas em cima da regulamentação, ou também para o Ministério de Minas e Energia, caso precise mexer em alguma portaria ou decreto. Flávio Neiva, presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica, comentou que os R$ 4 bilhões de exposição apenas em agosto impacta de forma diversificada os geradores, dependendo da geração descontratada, hedge, sazonalização, entre outros. "Assim, o impacto financeiro para alguns, expostos positivamente, significa custo de oportunidade, já para outros, expostos negativamente, impacto direto na receita", avalia.

Neiva disse que a Abrage continua aferindo com outras associações de geradores o alcance e a persistência dos efeitos do GSF, buscando propostas para mitigá-los, visando posteriormente apresentar à Aneel e ao MME. Vianna, da Apine, analisa que existe um possibilidade grande do problema do GSF persistir no ano que vem. "O PLD vai continuar alto em 2015, porque mesmo que chova na média, os reservatórios entrarão o período úmido muito baixos e não conseguirão se recuperar. Então, a expectativa do mercado é que o PLD continue alto no ano que vem e o problema do GSF deve persistir. Por isso estamos preocupados", apontou. Um estudo encomendado pela Apine mostrou que o GSF pode acumular entre R$ 20 bilhões e R$ 40 bilhões em 2014 e 2015, dependendo de diversas condições.

João Mello, presidente da Thymos Energia, não acredita que o GSF possa gerar uma crise na liquidação, com não pagamento dos valores e inadimplência. Segundo ele, os geradores tem margem para fazer esses pagamentos. "Eles vão reduzir a sua margem, mas não acredito que poderia ter um não pagamento", avaliou o consultor. O grupo Eletrobras, ainda segundo Mello, é o que mais deve estar sendo atingido pelo GSF.

Assim como o presidente do Conselho de Administração da Apine, João Melo diz que existe o risco do GSF permanecer e ser também um problema em 2015. "Há o risco de todos os problemas de 2014 se perpetuarem em 2015. Esperamos que sejam menos acentuados", declarou em entrevista à Agência CanalEnergia.
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