quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Déficit das hidrelétricas sobe para R$ 3,9 bi este mês

O déficit no volume gerado pelas hidrelétricas que participam do MRE (Mecanismo de Realocação de Energia), sistema que reúne todos as usinas do país, aprofundou-se em agosto. De acordo com o boletim Info PLD, publicado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), as hidrelétricas devem entregar 40 mil MW neste mês, ou apenas 84,4% da garantia física – o volume que os empreendimentos comprometem-se a entregar todos os meses.

Esse déficit na geração hídrica, de 15,6%, é um dos maiores da história do país e supera o percentual registrado em julho, quando já havia atingido um percentual elevado, de 11%.

O fator, conhecido pela sigla GSF, representa um pesadelo para as geradoras. Sempre que o volume total gerado pelas usinas não corresponde a 100% da garantia física total alocada no MRE, todas as hidrelétricas têm a sua geração rebaixada. Para honrar os contratos, os geradores são obrigados a comprar a energia no mercado de curto prazo (spot) da CCEE, pelo valor do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD). Só os geradores que estão descontratados não precisam adquirir energia no mercado spot, mas, em compensação, também deixam de vendê-la.

Segundo o InfoPLD, as geradoras devem deixar de entregar 7.409 MW médios em agosto em relação à garantia física. “Este montante, valorado ao PLD médio esperado para agosto, de R$ 706,64 por MWh, resulta na expectativa de pagamento total de R$ 3,895 bilhões pelas usinas participantes do MRE”, diz o relatório da CCEE.

A redução do consumo de energia também acaba amplificando o GSF. Isso porque, como as térmicas continuam ligadas, o Operador Nacional do Sistema (ONS) precisa usar ainda menos energia hídrica para atender a carga nacional.

Fontes afirmam estar preocupada quanto a uma possível inadimplência por parte dos geradores, que vão ter de comprar um grande volume de energia no mercado de curto prazo da CCEE na liquidação de agosto. A conta deve pesar sobretudo para as pequenas empresas, que podem não ter fôlego para arcar com as despesas. Mesmo as pequenas usinas (PCHs) dividem o risco hidrológico no MRE, que funciona como um seguro do sistema elétrico. O consultor Silvio Areco Gomes, da Andrade & Canellas, acredita que uma das possíveis medidas seria a criação de uma linha de crédito especial para ajudar as geradoras. (Valor Online)
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