terça-feira, 15 de julho de 2014

Crise no setor elétrico gera rombo de R$ 53,8 bilhões, diz CNI

Estudo calcula que as tarifas de energia em 2015 deverão voltar ao nível de dezembro de 2012, o que significa uma reversão das medidas adotadas pelo governo em pacote

A sucessão de problemas enfrentados pelo setor elétrico nos últimos dois anos deve gerar uma conta de R$ 53,8 bilhões para a sociedade brasileira, de acordo com um estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e entregue a todos os candidatos à Presidência da República. 

Esse valor representaria a soma de todas as medidas que o governo precisou tomar para corrigir falhas oriundas do pacote de redução das tarifas de contas de luz e reorganizar a capacidade financeira das empresas de distribuição diante da crise energética decorrente da falta de chuvas no País. O documento detalha que R$ 28,5 bilhões referem-se ao rombo do setor elétrico em 2013, enquanto 25,3 bilhões seria o tamanho do buraco este ano. 

Desse total, a CNI calcula que os consumidores arcarão com R$ 35,3 bilhões, o que significa que esses valores deverão ser repassados para as contas de luz ao longo dos próximos anos. Já os R$ 18,5 bilhões restantes serão pagos pelos contribuintes, já que se tratam de desembolsos diretos do Tesouro Nacional, que são financiados pela emissão de dívida ou pelo aumento de tributos. 

Reajuste - Pelas projeções da entidade, o aumento médio das tarifas para os consumidores será de 10% em 2014 em termos reais, chegando a 16% quando se considera a inflação prevista para este ano. Já para 2015, a CNI prevê um novo aumento médio real de 12% nas contas de luz. "As tarifas de 2015 deverão voltar ao nível de dezembro de 2012, em termos reais, o que significa uma reversão da redução almejada pelo governo no pacote de energia", completa o documento. 

Para que os problemas acumulados nos últimos dois anos não voltem a ocorrer a CNI propõe aos candidatos à Presidência que o próximo governo aperfeiçoe os leilões de energia com parâmetros mais transparentes e eficientes para que não haja nova descontratação por parte das distribuidoras. A entidade novamente também defende medidas de estímulo ao ambiente de contratação livre de energia, muito acessado pela grande indústria. (O Estado de São Paulo)
Leia também:
O custo da crise elétrica e a política oficial
TCU fecha o cerco sobre o setor elétrico
Existe risco regulatório no setor elétrico brasileiro?
Geradoras ficam expostas em R$ 1,4 bi no mercado spot