quinta-feira, 24 de julho de 2014

BNDES quer juros de mercado para socorrer distribuidoras de energia

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou nesta quarta-feira (23) que quer receber juros de mercado para participar do socorro às distribuidoras de eletricidade, em crise com o aumento do custo da energia que compram das geradoras.

O banco entrará no pacote com um montante entre R$ 3 bilhões e R$ 3,5 bilhões, mas exigiu que as condições sejam as mesmas adotadas pelos bancos privados que participam da operação.

Na maioria de suas linhas de crédito, o BNDES usa taxas abaixo do mercado. A taxa básica do banco estatal, TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), está em 5% ao ano, enquanto a Selic, que baliza os financiamentos do setor privado, é de 11% ao ano.

Ao todo, o governo articula um empréstimo de R$ 6,5 bilhões às concessionárias do serviço público. O dinheiro servirá para cobrir o rombo deixado pelo avanço dos preços nas geradoras, que tiveram que intensificar o uso de usinas termelétricas, mais caras, diante dos reservatórios mais vazios das hidrelétricas.

No crédito às distribuidoras, o BNDES usará recursos de seu orçamento, formado pelo retorno de empréstimos já quitados, repasses do Fundo de Amparo ao Trabalhador, rendimento de aplicações e captações no exterior.

Não será usado dinheiro repassado pelo Tesouro, que dá lastro a linhas de crédito prioritárias para o governo.

Na terça, dia 22, o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Romeu Rufino, confirmou a operação do governo para injetar mais R$ 6,5 bilhões no setor elétrico. Desses, R$ 3,5 bilhões seriam obtidos com um financiamento bancário, e o restante, com o BNDES.

Segundo Rufino, as condições dos novos empréstimos seguem as mesmas da operação firmada no primeiro semestre, quando as distribuidoras de energia receberam um empréstimo bancário de R$ 11,2 bilhões para cobrir o rombo com as geradoras.

Tanto o novo empréstimo como o crédito já concedido só deverão ser repassados para a tarifa ao consumidor em 2015 e 2016, a fim de evitar o estouro do teto meta de inflação, de 6,5% ao ano, durante a campanha eleitoral. (Folha de S. Paulo)
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