quarta-feira, 21 de maio de 2014

Sem reservatórios, setor elétrico defende expansão térmica

O avanço das hidrelétricas sem reservatório de regularização, associado ao maior uso de fontes não contínuas de geração, como as centrais eólicas, aumenta a necessidade do país ampliar seu parque de termelétricas para dar mais segurança ao abastecimento deenergia, quando outras fontes não puderem produzir.

Essa foi uma das principais conclusões de especialistas que participaram nesta terça-feira dos debates sobre energia em seminário sobre infraestrutura promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

"Para garantir o abastecimento, vamos precisar de cada vez mais térmicas", disse o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp.

Segundo ele, dos cerca de 20 mil megawatts (MW) novos de hidrelétricas que entrarão em operação entre 2013 e 2018, apenas 200 MW são de usinas com reservatório de regulação. Devido a restrições ambientais, grandes usinas como Madeira e Belo Monte não têm reservatórios de regularização. Como não estocam água --elas são conhecidas como fio d´água-- geram muito menos energia nas épocas de seca, dando menos segurança ao sistema.

"Você tem a mesma capacidade de guardar chuva e a carga crescendo, você necessita cada vez mais de térmicas. E quando chega ao final do período seco em que tem perda de altura nos reservatórios, você perde potência", disse Chipp a jornalistas.

Com a pouca chuva do verão passado, as termelétricas vêm ajudando a garantir o fornecimento de energia do país, enquanto as hidrelétricas tiveram de reduzir a produção para poupar água nos reservatórios. A energia das térmicas, porém, é mais cara.

"É importantíssimo viabilizar térmicas flexíveis", disse o diretor da consultoria PSR, Marco Antônio Oliveira.

Chipp defendeu ainda o aumento da participação de térmicas convencionais, a carvão mineral ou gás, na base do sistema no médio prazo, e também que se busque novos reservatórios. Ele voltou a defender leilões por fonte de energia e por região, para dar mais segurança à operação do sistema.

Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), concordou que o setor precisa de mais termelétricas. "Se eu opto por usinas fio d´água tenho de diversificar", disse ele.

O governo federal reconhece a necessidade de expandir a geração termelétrica. Na véspera, no mesmo evento, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse que o governo decidiu elevar para 250 reais por megawatt-hora o limite do Custo Variável Unitário (CVU) das térmicas que vão participar do leilão A-5 de setembro (ante 100 a 150 reais praticados anteriormente) para viabilizar também a participação de termelétricas mais caras, que usam Gás Natural Liquefeito (GNL), combustível importado que chega ao país em navios. (Reuters)
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