terça-feira, 29 de abril de 2014

Novo leilão de energia é aposta para playres conservadores

Marcado para amanhã, o leilão de energia A-0, de empreendimentos de geração já existentes, é visto por analistas do setor elétrico como uma boa opção de investimento, equivalente à "renda fixa", especialmente para os mais conservadores, que não querem correr o risco da oscilação futura da cotação do preço da energia elétrica no mercado livre. Mas, para os mais agressivos, continuar na "renda variável" do mercado spot, de curto-prazo, pode valer mais a pena.


"A conta que está se fazendo é se vale a pena continuar ganhando R$ 822 por MWh até 2015 e correr o risco de depois a energia ir para o seu piso ou se é melhor contar com R$ 271 pelos próximos cinco anos. O cálculo vai depender muito da previsão de cada agente para o comportamento dos preços", ressalta o diretor presidente da Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Alexei Vivan.

Coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico/UFRJ, Nival-de de Castro ressalta que a evolução do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) está sujeita à dúvida sobre se as próximas chuvas de verão serão suficientes para elevar o nível dos reservatórios e que, por isso, o mercado livre é um jogo para os que têm mais apetite para correr esse risco. "Para quem olha a longo prazo, para operações mais seguras, esse leilão se coloca à disposição", compara.

Entre os analistas, considera-se certa a participação de empresas ligadas à Petrobras e à Eletrobras. Este mês, a CPFL vendeu sua energia na hidrelétrica Serra da Mesa em contrato de longo prazo a Furnas, para que esta pudesse ofertá-la no leilão A-0. E ontem o maior gerador privado, a Tractebel, também confirmou interesse em participar do certame. "Estamos tentando montar uma composição de portfólio com outros players", informou o diretor financeiro da companhia, Eduardo Sattamini, em teleconferência com analistas. Essa espécie de "consórcio" entre os ofertantes resolveria o maior problema apontado por eles — o da disponibilidade.

"Esse é um leilão atrativo, sim, para as estatais e para Cesp, Copel, Cemige todas as demais empresas que ficaram de fora da Medida Provisória 579, que rebaixou para R$ 9 a venda de cada MWh das usinas antigas, como a de Furnas", analisa o diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico (Ilumina), Roberto Pereira d"Araújo.

Contudo, para o presidente da Associação dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apinee), Luiz Fernando Vianna, Cesp, Copel e Cemig, embora tenham disponibilidade de energia, não devem ofertá-la porque suas concessões terminam antes de 2019, data de vencimento doscon-tratos a serem firmados amanhã.

Ontem, saiu no Diário Oficial a desoneração do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações contratadas pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Para analistas, a decisão foi acertada. "O que o governo faz é aliviar as contas de luz, por meio da renúncia de uma receita que nem estava prevista", diz Márcio Monteiro Reis, do Siqueira Castro Advogados. (Brasil Econômico)
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