terça-feira, 21 de maio de 2013

Sustentabilidade em fase de transição no setor elétrico

O setor elétrico brasileiro possui atualmente diversos desafios, desde a crescente demanda por energia no país e a redução de tarifas, até a ameaça demais apagões. Nesse contexto, a inserção da sustentabilidade no setor é fundamental, pois leva a medidas de eficiência nas operações e no uso de recursos, reduzindo custos, além de envolver a gestão de riscos ambientais e a busca por fontes alternativas de energia, contribuindo para a segurança energética no Brasil. 


É possível identificar um esforço das empresas consideradas mais avançadas em termos de sustentabilidade para a consolidação do conceito. Para entender como as companhias estão incluindo o tema na estratégia e na gestão, analisamos as onze empresas de energia elétrica componentes da carteira 2013 do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBOVESPA. O estudo mostra que há um esforço para a consolidação do conceito nessas empresas. Fica claro, entretanto, que a maior parte delas deve dar mais atenção a aspectos importantes para que a sustentabilidade seja de fato incorporada na estratégia e na gestão empresarial. 

As empresas estão começando a tratar a sustentabilidade com uma visão de longo prazo, algumas delas ainda partindo de abordagens baseadas em responsabilidade social corporativa, que visam boas práticas de gestão, ou assuntos ligados a compliance. Isso fica evidente em diferentes pontos de análise, desde a incorporação do tema na estratégia do negócio até ações de gestão que ainda indicam certa imaturidade. Pode se constatar assim que a sustentabilidade nas empresas mais engajadas do setor de energia elétrica está ainda em fase de estruturação, com diversos aspectos a amadurecer. Isso porque, apesar dos avanços, em muitos casos sua incorporação na estratégia das empresas ainda se dá em nível superficial. 

Isso fica claro ao identificarmos os ‘drivers’ de sustentabilidade do setor, em que aspectos relacionados a boas práticas de gestão prevalecem, indicando forte ligação da agenda de sustentabilidade com a agenda da responsabilidade social corporativa (CSR). A sustentabilidade ainda é pouco explorada como um vetor de geração de valor tangível. Todas as empresas analisadas apresentam metas de sustentabilidade. No entanto, elas devem ser mais bem definidas, tornando-se verificáveis e com prazos estabelecidos, ou correm o risco de ser deixadas de lado e esquecidas. 

Além disso, o sistema de remuneração variável deve incorporar mais o desempenho social e ambiental para que o incentivo seja disseminado a toda organização. Assim, concluímos que a sustentabilidade nas empresas mais engajadas do setor de energia elétrica está em fase de estruturação. Ainda depende de as empresas adquirirem uma visão sistêmica do negócio e esse processo apresenta barreiras e paradigmas que precisarão ser enfrentados. A situação atual em que as empresas analisadas se encontram pode ser um interessante exemplo de ummomento de transição, em que há esforços para evoluir, mas ainda obstáculos a superar. Munir Soares e Laura Alves - Gestor de sustentabilidade da Key associadose consultora Senior de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas  (Brasil  Econômico)