A segurança do sistema energético nacional vem sendo colocada em pauta com os recentes apagões que atingiram o Nordeste e várias regiões do Brasil em fevereiro. Entretanto, na visão de José Miranda Farias, diretor de Estudos da Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), não existem motivos para preocupação. Segundo ele, os blackouts resultaram essencialmente de problemas pontuais.
"O sistema energético brasileiro é confiável. Apagões como o que aconteceu no Nordeste no início de fevereiro são ocasionados por falha, que vem sendo investigada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), e não têm ligação com a capacidade de produção energética do País", explica José Miranda, que participou do comitê de Energia da Amcham-Recife.
Conforme o diretor, levantamento de Risco de Déficit no SIN (Sistema Interligado Nacional), que mede a possibilidade de redução na disponibilidade de energia no sistema, ocasionando racionamentos, por exemplo, indica um risco abaixo de 0,7% para o Nordeste nos próximos dez anos, desde que os investimentos previstos pela EPE sejam efetivados. O SIN comporta 96,6% de toda a energia produzida no País, integrando os sistemas de produção e distribuição.
O Plano Decenal da EPE estima, para garantir a expansão energética brasileira até 2019, a necessidade de investimentos superiores a R$ R$ 950 bilhões. A empresa calcula que, até 2019, o País terá aumento de 38% na extensão de linhas de transmissão, representando 36.797 km extras. As regiões Norte e Nordeste são as que devem receber mais aportes nesse sentido, o equivalente a mais de R$ 3 bilhões, sendo o total projetado para todo o Brasil de R$ 4,4 bilhões.
Oportunidades e pontos críticos
Na análise de José Miranda, uma oportunidade para o sistema de energia brasileiro nos próximos anos está nas vendas ao exterior. “Há a possibilidade de exportarmos energia elétrica para a Venezuela a partir de 2014, com a instalação de linhas de transmissão de Manaus (AM) a Boa Vista (RR). Deixaremos de importar energia venezuelana e poderemos exportar para lá”, ilustrou.
Miranda não falou apenas sobre oportunidades. Ele lembrou uma grande dificuldade do setor, que é a sobrecarga de tributação na distribuição. “O preço da geração de energia já é baixo, o da transmissão vem caindo nos últimos anos, porém a distribuição ainda é cara”, apontou. (Amcham)
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