O governo não tem mais previsão de quando deverá desligar as termelétricas, acionadas desde outubro do ano passado para compensar o baixo nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas. A previsão inicial do Ministério de Minas e Energia seria começar a reduzir o despacho das térmicas a partir de abril, mês em que se encerra o período de chuvas que começaram a se intensificar a partir de fevereiro. Mas o volume maior hidrológico verificado neste período não foi suficiente para a retomada dos níveis adequados de segurança dos reservatórios, o que exige a continuidade das térmicas por tempo indeterminado.
"Isso depende, eu não posso afirmar antecipadamente, porque a gente não tem uma previsão de clima; depende da hidrologia", afirmou o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp.
Segundo Chipp, o país caminha para atingir o recorde histórico do maior período de acionamento massivo das termelétricas neste ano. Até aqui o maior espaço de tempo do acionamento intensivo das térmicas ocorreu entre dezembro de 2007 e o fim de maio de 2008, quando a capacidade instalada de geração de energia ainda era bem menor do que atualmente. Hoje as térmicas vêm gerandoumvolume diário entre 14 e 15 mil megawatts de energia para dar segurança ao sistema.
Mesmo sem uma previsão para o desligamento das térmicas, há a expectativa de que o nível dos reservatórios se recupere mesmo durante o período de seca que se inicia em maio e vai até novembro deste ano. A expectativa do governo é a de que o nível meta de armazenamento seja atingido até novembro, no final do período seco, para garantir água suficiente para a geração de energia hídrica em 2014. Este nível meta considera previsão de armazenamento de água suficiente para a geração hídrica considerando o pior cenário de chuvas durante o período úmido entre dezembro e abril.
Menos otimistas, especialistas do mercado apostam em acionamento intensivo das térmicas ao longo de todo o ano de 2013 para que não haja riscos de falta de energia em 2014. Com isso, o preço do chamado Encargos de Serviços de Sistema (ESS), que reflete o custo maior da energia obtida pelo acionamento das térmicas, deve disparar. Nas estimativas da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace) no acumulado, desde outubro, o custo adicional de energia já chegará em março a R$ 4 bilhões.
Pelas novas regras, lançadas pela nova resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), este valor, que antes era pago exclusivamente pelos consumidores, passará a ser rateado entre os demais agentes do mercado. A regra ainda precisa ser regulamentada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
De acordo com as projeções da consultoria Thymus Energia, caso fiquem ligadas pelo ano todo, o custo adicional chegará a R$ 10 bilhões e pelas novas regras, R$ 5 bilhões será diluído no preço de compra de energia no mercado de curto prazo, e a outra metade será dividida entre consumidor e distribuidor (que pagarão R$ 2 bilhões).O gerador pagará outros R$ 2 bilhões e o comercializador de energia responderá por R$ 1 bilhão da fatura. (Brasil Econômico)
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