O presidente do grupo AES Brasil, Britaldo Soares, está confiante na medida adotada pelo governo de usar os recursos da Conta de Desenvolvimento Econômico (CDE) para diluir o impacto dos custos das distribuidoras com o despacho das térmicas. "As medidas que foram anunciadas sem dúvidas contribuem para resolver o efeito do despacho das térmicas sem cobertura tarifaria, do risco hidrológico e das condições de subcontratação", diz o executivo. De acordo com presidente da AES Brasil, a distribuição vem arcando com uma conta bastante alta. "A questão estrutural de longo prazo da matriz energética é ter térmica na base e com sinal correto de preço. Acho que as coisas estão caminhando para direção mais positiva."
Antes da medida anunciada pelo governo, analistas do setor de energia previam um cenário pouco animador para as distribuidoras. "O aumento temporário nos preços da energia no mercado de curto prazo e os maiores despachos das térmicas deverão impactar negativamente o perfil financeiro das distribuidoras", chegou a afirmar a agência de classificação de risco Fitch que por meio de relatório ponderou que era importante que o governo federal adotasse medidas para preservar a liquidez das distribuidoras no atual período de crise. "Alterações hidrológicas sempre vão acontecer e o país precisa estar preparado para isso. Não podemos colocar o crescimento econômico em risco por conta da hidrologia", pondera o presidente.
Segundo ele, as medidas anunciadas trazem um fortalecimento da liquidez das distribuidoras e para a Eletropaulo. A distribuidora do grupo AES, registrou um prejuízo de R$ 72,6 milhões no quarto trimestre, motivado principalmente por despesas de compra de energia e encargos do setor.
Na visão de Soares, sem o recurso da CDE, as distribuidoras passariam todo o efeito dos despachos com as térmicas durante o ano. "Os mecanismos criados, com ajuda do recurso da CDE, vai fazer com que ocorra uma diluição dos custos para o consumidor que ocorrerão nos próximos cinco anos." Mesmo estando otimista com a medida anunciada, o executivo convocou uma assembleia geral dos debenturistas para o dia 26 de março com o objetivo de alterar os covenants (contratos) financeiros das debêntures. "Você como administrador de uma empresa tem que se adiantar. Uma coisa é estarmos negociando junto com as distribuidoras o que vinha afetando o fluxo de caixa das empresas. Outra coisa é como estamos gerindo a Eletropaulo. A gente busca não ficar só com uma opção na mão", explica.
O executivo ainda afirma que está disposto a surfar em uma onda com menos água. "O ano de 2012 foi cheio de atrasos, tivemos os impactos da Medida Provisória 579, além do período com uma hidrologia mais tímida puxando a necessidade das térmicas." Atento a esse cenário, Soares defende uma matriz energética mais segura e que não seja tão dependente das condições climáticas. De acordo com o executivo, a AES Tietê, braço de geração do grupo, tem como meta dobrar o potencial de energia gerada até 2016, adicionando mais 3 mil megawatts (MW), sendo aproximadamente 1,5 mil MW em energia térmica e 1,5 mil MW em energia eólica. "Temos que ter um equilíbrio maior entre segurança e custo de energia. O que estamos vendo hoje é que o preço da energia está mais cara", afirma. "Estamos aguardando os leilões e a disponibilidade de combustível, além de outras oportunidades de mercado. Continuamos confiantes na solidez financeira da AES Tietê e prontos para lidar com variáveis do mercado", completa. (Brasil Econômico)
Leia também:
* Os ‘apaguinhos’ têm solução
* Liquidação no mercado de energia afeta térmicas
* Dilma retira projeto de Lula que enfraquece agências reguladoras
* Governo quer fiscalizar cumprimento das metas de agências reguladoras
Leia também:
* Os ‘apaguinhos’ têm solução
* Liquidação no mercado de energia afeta térmicas
* Dilma retira projeto de Lula que enfraquece agências reguladoras
* Governo quer fiscalizar cumprimento das metas de agências reguladoras