segunda-feira, 11 de março de 2013

Distribuidoras de energia terão ajuda do governo

Para manter o benefício do desconto na conta de luz anun­ciado em janeiro e evitar pres­são sobre a inflação, o governo oficializou ontem um socorro às distribuidoras de energia. As poucas chuvas levaram as empresas a comprar eletrici­dade produzida por termoelétricas, que é mais cara. A conta é paga por essas comercializadoras, mas depois é repassada para o consumidor. A ajuda será por meio de um fundo setorial, a Conta de Desen­volvimento Energético (CDE), que tem R$ 11 bilhões em caixa. Além disso, todos os anos essa conta será recheada com mais R$ 4 bilhões que o Tesouro Na­cional repassará de Itaipu. O di­nheiro será transferido para as distribuidoras pagarem os cus­tos extras com a compra emergencial de energia térmica, evi­tando assim um pedido de reajus­te extraordinário da tarifa, o que acabaria minando o desconto da conta implantado pelo governo no início do ano. 

"Estamos socorrendo as distri­buidoras em benefício dos con­sumidores", afirmou ontem o ministro de Minas e Energia, Edi­son Lobão. "Todos os brasilei­ros já receberam suas contas com o desconto anunciado. E a decisão da presidente Dilma Rousseff tem caráter permanen­te", garantiu. 

Rateio. O governo também de­cidiu que o custo do uso, em mo­mentos emergenciais, de ener­gia proveniente de termoelétricas passará a ser repartido. Até então, ficava a cargo das distri­buidoras, que repassavam os va­lores para as tarifas. Agora, 50% desse custo ficará com o agente que estiver exposto no mercado de curto prazo. A outra metade será rateada entre consumido­res, produtores e comercializadores. 

O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nel­son Hubner, evitou declarar o va­lor total que o sistema elétrico precisará para compensar as des­pesas geradas em momentos de energia mais escassa. "Não sabemos de quanto será o valor, mas caberá na conta da CDE." 

Nenhum dos representantes do governo quis dizer quando o efeito dessas mudanças será sen­tido pelo consumidor. "Neste momento, não vai nada para a tarifa", assegurou o secretário do Tesouro, Arno Augustin. 

Surpresa. As novas regras sur­preenderam as geradoras de energia, que foram incluídas no rateio dos custos provenientes do uso emergencial de térmicas. "Não há justificativa para o go­verno ter feito isso, a não ser a arbitrariedade", reclamou Luiz Fernando Vianna, presidente da Associação Brasileira dos Produ­tores Independentes de Energia Elétrica (Apine). 

Já o presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), Mario Menel, salientou que mudanças de regra no meio de jogo podem afastar investimen­tos. "Aqui, a gente acha normal, mas o cara de fora fica preocupa­do." Eles ainda não decidiram se vão recorrer da medida na Justi­ça. Pela manhã, Lobão argumen­tou que as escolhas do governo não foram feitas de "afogadi­lho". "Tudo foi pensado, consi­derado para tomada de decisões seguras." (O Estado de S. Paulo)

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